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TRILHA SONORA DA SÉRIE STRANGER THINGS – NOSTALGIA OITENTISTA

A série americana Stranger Things é um dos grandes sucessos do canal de Streaming Netflix e se consolidou com sucesso de público com uma história insólita, enigmática e soturna ao expor os mistérios do desaparecimento de um garoto de 12 anos na pequena cidade de Hawkins, Indiana. Tanto a mãe, seus amigos e o chefe de polícia iniciam uma busca incessante e as descobertas os levam a verdades sinistras envolvendo o governo, uma estranha garota, e uma força macabra que surge abaixo da superfície.


Mas um dos encantos da série é justamente levar o expectador a um processo de imersão adorável ao ambientar toda história no auge dos anos 80. Uma direção de arte tão impecável que auxiliada pela trilha sonora, convida àquele que assiste à série e uma experiência nostálgica daqueles que viveram a intensidade cultural do período e também daqueles que amam todos os elementos do sci-fi oitentista.



Portanto, Stranger Things, além de cumprir sua missão de ser um excelente entretenimento, é acima de tudo uma grande homenagem a cultura pop dos anos 80. É possível ver em cada detalhe dos cenários, trilha sonora, fotografia, letreiros e figurinos um cuidado cirúrgico para explorar a riqueza cultural da época e de todas as suas influencias, o que torna ainda mais sedutora a experiência de acompanhar a série.


A trilha sonora é um elemento fulcral deste processo de imersão. Impossível ficar indiferente aos clássicos do pop, rock e do instrumental que remete ao synthwave clássico dos filmes de terror e suspense a exemplo das obras baseadas nos livros de Sthephen King e dos clássicos de John Carpenter. “Elegia” do New Order, com seus sintetizadores que flutuam em crescentes, não poderia ser a sonoridade mais perfeita para ingressar o espectador ao que estar por descortinar naquele misto de suspense, terror e ficção científica ao padrão análogo às obras cinematográficas realizadas nos anos 80. Neste sentindo, as composições da trilha instrumental criada por Michael Stein e Kyle Dixon contribui para que a atmosfera pavorosa, asfixiante, sombria e ameaçadora da série pudesse alcançar suas metas de sobressaltar o espectador.



Porém, o mais divertido e exultante em prestigiar os episódios da série são as canções oitentistas que percorrem vários momentos dos episódios e se enquadram perfeitamente nos ganchos dramáticos deixados para externar os demais elementos que compõe a história, além do suspense central que move a trama.


Verifica-se a apurada cautela na eleição das melhores canções, afim de sintonizar perfeitamente os acontecimentos mais misteriosos e tenebrosos das cenas com a alegria solar e colorida das músicas dos anos 80. Nesse sentindo é possível ver encaixes perfeitos de Should I Stay e Should I Go do The Clash desfilando com Duran Duran em Girls on Film.


Importante destacar a força das canções e de como a música chega a ser um personagem da trama diante de sua força titânica. Nesta proposta, colocou-se a música como uma alegoria da história. É possível observar que a primeira temporada é mais irrigada de desalento, clima sinistro e taciturno daí a trilha escoltar essa atmosfera com Joy Division em Atmosphere, Robin Klesser em Blossom, Moby em When It’s Cold I’d Like to Die e Vangelis com Fields of Coral.


A segunda temporada tem um clima mais leve e ameno com os personagens mais maduros, cientes de suas virtudes e força. A trilha ganha uma pigmentação mais cintilante e recorre a euforia de Rock Like e Hurricane de Scorpions, Bon Jovi com Runaway, Just Another Day de Oingo Boingo e Hammer to Fall do Queen. O ingresso do personagem de Billy como sua estampa de vilão permitiu inserir na trilha o peso do metal com Shout at the Devil de Motley Crue, The Fourhorseman do Metallica e Round and Round do Ratt. As transformações de Eleven também assume um tom provocador e nada melhor do que representar estas mudanças com a canção Dead and Justice de the Runaways. O clima fica ainda mais afável porque tem muito romance no ar representado pelo baile de inverno, e ai a trilha se esbalda com clássicos como Time After Time de Cindy Lauper, The Way We Were de Barbra Streisand e encerra com Every Breath you Take de The Police em perfeita sincronia com os sentimentos sugestivos e ao mesmo tempo ambíguo dos personagens.



Mas além dos hits que fazem de qualquer trilha sonora dos anos 80 uma delícia, alguns B-sides se destacam como a excelente Marquee Monn de Televesion com seu riffizinho de guitarra inconfundível, Nocturnal Me de Echo and the Bunnyman e My Decision do Edit.


Toda a sensação vintage e retrô de Stranger Things, principalmente assinalada pela sua trilha sonora, nos remete ao nosso prazer nostálgico de retomar o passado como uma representação de diversão no presente, mas que também serve para tornar visível a conjuntura das surpresas da série e do status emocional dos personagens.

 
 
 

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