THE WHO COM "WHO" FECHA A DÉCADA COM O UM DOS MELHORES DISCOS DO ANO CELEBRANDO O ROCK AND ROLL
- Dostoievsky Andrade
- 31 de dez. de 2019
- 3 min de leitura
A genialidade dos veteranos muitas vezes enredados em uma espécie de cárcere de uma nostalgia que flerta o tempo inteiro com a submissão às correntes de seu estilo e da sua convencional porção de contribuição para a música, muitas vezes os colocam em um órbita de arrogância e afetação, e o pior, datado com música que cheira a naftalina.

Mas o fã do velho e bom rock n’ roll clássico tem nas bandas que abriram as comportas do rock uma ligação umbilical pelo estilo e pela blindagem clássica de serem a gênese daquilo que dividiu as águas da música contemporânea e ocidental. Com The Who, banda britânica criada nos anos 60 e considerada como umas das bandas que incorporaram seu modelo a uma posição de paradigma do rock, assumiu a sua sonoridade expressa em rock clássico, baladas folk, blues e vocais de imponência teatral como um longo sopro de luz e influencias para as bandas de rock moderno.
Mas nada como buscar da fonte o estrato condensado da efígie que a banda representa para a história do rock. Após 13 anos de vácuo, “The Who” lança em 2019 “Who”, uma espécie de ode ao seu próprio legado, demarcado com uma simplicidade e de um trivialismo prosaico, mas com uma produção sofisticadíssima e cheia de elementos sonoros e senso de variação que flerta o tempo inteiro com uma musicalidade moderna apesar do sugo respingar no velho rock and roll clássico. Desta forma, The Who agrada os coroas e os adeptos jovens que caçam as bandas que escreveram a bíblia do rock.

As letras perpassam por temas maduros e de circunspecta reflexão sobre grandes questões de nosso caos em várias dimensões, mas impulsionam estes motes filosóficos com o ímpeto de um garoto no auge dos abalos eruptivos hormonais. Mas, “The Who” tem um compromisso nesse disco de, acima de tudo, afagar seus fãs com sua sonoridade clássica, como se pode confirmar em “I Dont Wanna Get Wise”; “All this Music Must Fade”; “Detour”; “Beads One String”; “Street Song” e “Got Nothinf to Prove”. No entanto, coloca neste caldeirão o caldo de ritmos que vão do blues, rock retrô e folk em harmonias melódicas que são facilmente identificáveis por inúmeras bandas que beberam de “The Who” influencias que ditaram o rock moderno. Por isso é impossível o disco não alcançar um deleite coletivo de várias gerações celebrando a boa música.
A sensação ao ouvir “Who” é certificar que a banda não envelheceu. Que soube aproveitar seu legado com a maestria de manejar canções e letras contextualizada com o pós moderno que o “The Who” sempre suscitou desde o movimento “Mod” nos anos 60 ao romper as barreiras do convencional. É um disco divertido cheio de auto-referencias a começar pela performance vocal de Daltrey, que está sublime e reforça a identificação, ademais, imprime as famosas explosões agressivas e a textura operística e sinfônica como se atesta em “Hero Ground Zero”, assim como faz um resgate nostálgico em “Got Nothing to Prove”
“Who” foi considerado pela unanimidade das listas de melhores discos do ano e campeão em performance de vendas e escutas nas plataformas com impacto relacionadas aos seus discos do início da carreira como o “Who’s Next” de 1971. Peter Townshend afirmou em recente entrevista que este foi um disco despretensioso em tudo: “Não estávamos querendo se despedir, homenagear nossos imortais amigos John e Monn, e muito menos passar recados por meio da música pelo estado explosivos das coisas! Apenas queríamos nos divertir tocando músicas que a gente brincou criando, e queríamos compartilhar essa grande zoada! Quer coisa mais juvenil do que isso? Parece que existe uma notória resistência em assumir que somos um bando de coroas carrancudos!”
E é nesta ausência de ambição que “The Who” fecha a década celebrando o rock and roll da forma como o segmento vem ainda resgatando mentes e corações de pessoas da total perversão com que a música ocidental moderna vem se aprofundando na rota trágica e infausta da mediocridade cultural, nos brindando com música que transcende e nos liberta! “Quem” poderá nos salvar: “The Who”.
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