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THE CRANBERRIES: O ULTIMATO!

Atualizado: 19 de mai. de 2019

Hoje será difícil comentar sobre este álbum, pois não se trata de um lançamento comum. Não se trata de uma obra que tenha a intenção de manter a sequência de trabalhos anteriores, ou se transformar num divisor de águas para novas tendências, nem tão pouco algo que vá servir de base para uma nova turnê. O próprio disco, como o nome já diz, remete ao fim de uma das bandas mais apaixonantes da década de 90, o Cranberries.

Após pouco mais de um ano da morte prematura e chocante da vocalista Dolores O’Riordan, sabíamos que algo estava por vir, como um desfecho, como uma carta de despedida, e eis que em 26 de abril deste ano, quando ainda nem tínhamos secado as lágrimas, ‘In the End’ é lançado. Confesso que fui “obrigado” a parar tudo que estava fazendo, pois era imperativo que esse disco deveria ditar os "acordes verbais" dos meus próximos minutos de vida, e ele assim o fez.



De início, ‘All Over Now’ não poupa emoções, nem mesmo na introdução, que talvez seja a canção de mais bela introdução do disco. Me lembro bastante de ‘Loud and Clear’, no refrão, porém os versos surgem mais “encorpados”, devido o maior números de vozes em harmonia.


‘Lost’ chega em seguida, iniciando tímida, como se Dolores citasse os versos de forma despretensiosa, mas não perde por esperar quem se aventura no desenvolver da música, pois a interpretação dela vai ser capaz de causar calafrios. Confesso que assimilei um pouco a ‘With or Without You’, do U2.


‘Wake me When It´s Over’, da tríade inicial, é a mais pesada, seja em letra, seja em arranjo, mesmo tendo um início mais acanhado. O peso da comunhão entre a guitarra de Noel Hogan e a bateria de Fergal Lawler, com a voz firme de Dolores, dão mais ênfase ainda ao suplício de quem pede para ser acordado, apenas quando toda a dor acabar...


A versatilidade do disco está presente na faixa ‘A Place I Know’: Um tradicional folk de início, ganhando alternâncias de bateria, com doçura na voz de Dolores e uma letra que fica a seu critério interpretar, mas que vai fazer com que todos remetam a algo bem pessoal, de alguma fase de suas vidas.


‘Catch me if You Can’ vai deixar o piano gravado em sua mente, do começo ao fim. Também é outra faixa com letra forte, com versatilidade de arranjos e de interpretação vocal.


‘Got it’ é uma boa música, com a marca inicial da banda, ainda dos primeiros discos de carreira. Como é de costume terem canções, digamos, mais “pop”, essa talvez seja a que melhor represente essa ideia no disco.


A linda (e triste) baladinha que todos esperam, surge em ‘Illusion’. Uma típica canção de desengano, que tende a gerar reflexão em quem vivenciou perdas e ilusões.


Enfim, a próxima traz o merecidíssimo destaque no contrabaixo de Mike Hogan. Eu, particularmente, adoro essa música por pura identificação pessoal. Estou falando de ‘Crazy Heart’. Eu gosto quando Dolores cita versos com tamanha frieza, sem as emoções gritantes de muitos dos espetaculares refrãos.

(Vocês sentem isso também, quando ela pronuncia “...crazy heart”?)


‘Summer Song’ é aquela que cai como uma luva para cantar para quem se ama. Inclusive, como seria maravilhoso se pudéssemos ter uma única oportunidade, que fosse, de cantar junto com Dolores, num show que não mais irá acontecer, uma vez que esta faixa soaria perfeitamente para ser o momento sublime de interação entre banda e público.


Quase terminando, a música mais curiosa do disco, ‘The Pressure’, por ser diferente de quase tudo que eu ouvi do Cranberries ao longo destes anos. Ainda é muito recente para que eu possa expressar qualquer sentimento por ela, dada sua riqueza experimental.


Por fim, chegamos à faixa-título, ‘In the End’ e não poderia ser diferente do que eu imaginei, quando soube da intenção do lançamento desse trabalho. Não poderia ter sido escolhida outra canção para dar nome à última obra, pois se fazia necessário centralizar o gran finale em Dolores. Os versos criados parecem ter sido feitos para este momento de despedida definitiva.

Enfim, como diz mais ou menos esta canção:

- Podem nos tirar tudo, todos os nossos pertences materiais, qualquer coisa substituível, mas nunca a nossa essência, nunca o nosso espírito.

A morte conseguiu cessar a respiração de Dolores, naquela banheira, mas eu desafio que algo consiga apagar a mesma respiração que ela usava em sua técnica de “quebra” rápida de voz, usada incessantemente em “Zombie”, por exemplo.

Esperamos que a banda se mantenha no respeito de, realmente, ter encerrado seus trabalhos, não usando o nome original. Seus talentos individuais não devem ser ofuscados e eles devem seguir adiante, sim...mas sem Dolores, definitivamente, NÃO existe The Cranberries.

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