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PEARL JAM - A dança desentoada dos Clarividentes.

Após alguns meses sumido, eis que retorno para colaborar com uma análise que, particularmente, me tocou bastante, visto que se trata do mais recente trabalho da minha banda predileta, o Pearl Jam.


Foram anos de espera, numa ansiedade imensurável, aguardando por um trabalho que me fizesse emitir aquele “takiupariu” do fundo da alma, afinal foi exatamente isso que expressei desde que passei a acompanhar o grupo em meados de 1998.

Mas não foi exatamente assim que reagi ao mais novo trabalho deles, intitulado ‘Dance of the Clairvoyants’ – primeira faixa lançada de forma antecipada, referente ao novo álbum ‘Gigaton’, que será lançado oficialmente em 27 de março.


Fui surpreendido com uma sonoridade eletrônica, mas não com a qualidade que eu esperava, afinal eu falo de uma das mais consagradas bandas de todos os tempos. A faixa me soa como algo que não se inicia, demora a engrenar e, quando você acha que vai, ela já foi. É complicado se avaliar desta forma, para não dizer decepcionante. Um Eddie despretensioso nos vocais e uma instrumentação que tenta ser uma espécie de Daft Punk, às vezes passando por um Red Hot Chilli Peppers, buscando desesperadamente um Talking Heads, mas parando em nada a ver com coisa alguma.

Não há muito o que se reclamar da letra da canção, afinal no quesito poesia, o que sai da mente do sexteto, principalmente da criatividade e expressão indireta de Eddie Vedder, geralmente é muito bem escrito, mas o pecado da instrumentação é realmente imperdoável.



Não é a primeira grande banda que se aventura em transições de sonoridade, buscando navegar em novos horizontes que destoem da pegada clássica que se espera de um grupo de rock and roll. Podia citar vários trabalhos ruins que ouvi ao longo da vida, como algumas tentativas frustradas de Paul McCartney e Neil Young, lá pelos famigerados anos 80, quando o Mundo se desenhava, em termos de sonoridade, de uma forma mais glamourosa, digamos assim. Outras bandas mais recentes também assim fizeram, agradando a uns, mas gerando narizes torcidos de tantos outros, como é o caso do Coldplay, que me agrada em todas as suas fases.


É importante lembrar que nem toda banda tem o toque especial do Radiohead, que faz com maestria essa fusão de baixo, bateria e guitarra, mas quando resolve entrar em atmosferas mais sombrias e/ou dançantes, não perde nem um pouco da qualidade de criação e execução.


Até que não é o primeiro trabalho do Pearl Jam com essa forma alternativa. Como prova disso, basta ouvir a canção You Are, de 2002, mas ali tínhamos uma linha vocal bem mais interessante e guitarras mais comprometidas em nos causar alguns tipos de frisson.


Mas como nem tudo não são flores, em entrevista Stone Gossard tratou de nos tranquilizar, afirmando que, apesar do passeio por mares nunca navegados anteriormente, Gigaton nos trará rock and roll, baladas e também a simplicidade do ‘mais é menos’, enfim, será um álbum que remeterá ao que muito se fala sobre este ser o melhor trabalho da banda nos últimos 20 anos.


Será?


Há mais de 3 anos o grupo estava reunido num trabalho que viesse a colocar todos os membros em exposição de suas qualidades, democratizando bastante suas capacidades de contribuição


Mas mesmo com essas promessas, no que depender de minhas expectativas, que eu confesso não serem das melhores, espero muito que eu solte um “takiupariu” diferente no fim do mês que vem, aproveitando que será o mês em que eu completo 40 anos, não merecendo algo diferente de um Pearl Jam com seu conhecido nível extremo de excelência.

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