THE BEATLES - OS REIS DE TUDO
- Sérgio Vital
- 29 de mai. de 2019
- 4 min de leitura
Uma matéria engraçada da Rolling Stones Brasil me fez ter vontade de escrever sobre os Beatles.
No artigo, eles comparavam - em termos de popularidade, uma banda de (argh) K-Pop, uma tal de BTS - aos Beatles. Então resolvi esclarecer alguns pontinhos aqui para não deixar dúvidas sobre qual é, foi e sempre será a maior banda de todos os tempos, seja de pop, seja de rock!
Hoje em dia há no Brasil um desconhecimento e uma preguiça grande em se escutar, assistir e ler sobre alguma coisa. Quando escuto alguém falando, “...ah Beatles é legalzinho mas não era lá isso tudo...”, “...Beatles nunca fez rock de verdade...” “...foram uma boyband montada igual ao One Direction e o One Direction ainda fez mais sucesso...”.
Quando ouço absurdos assim, não sei se tenho pena, raiva ou nojo de tamanha ignorância, para não falar burrice.
A música pop só é o que é hoje por causa dos Beatles, o Rock só se tornou o que é hoje por causa dos Beatles, até mesmo a banda que todos gostam de falar que foi mais Rock ‘n Roll do que os Beatles, The Rolling Stones, só é o que é hoje por causa do Beatles. Mas como diria o esquartejador, vamos por partes...
No final dos anos 50 e inicio dos anos 60 houve o boom de um novo ritmo, o Rock ‘n Roll, que teve como grande expoente Elvis Presley: O caipira branco e bonitão que o ritmo precisava para alcançar todas as classes. Porque o que Elvis fazia, já vinha sendo feito nos guetos há muito tempo, com Muddy Waters, Howling Wolf, Willie Dixon, Chuck Berry, Little Richard e etc. Eram muito mais Rock ‘n Roll do que Elvis jamais seria, mas ficavam limitados em divulgação e espaço, devido a cor de suas peles. Mas como toda causa precisa de um herói, Elvis foi o herói perfeito e deu a visibilidade que o Rock precisava. Ele foi eleito o Rei do Rock e influenciou muitos garotos no jeito de cantar, de se vestir e de dançar. Mas havia um pequeno problema na coração de Elvis Presley, uma vez que ele não saía dos Estados Unidos e a grande maioria das pessoas ao redor do mundo não tinha acesso aos seus discos. Apesar de todo o sucesso e de ser uma das melhores vozes que já existiu, ele ficou preso ao seu país e à criatividade musical de outras pessoas, pois praticamente só gravou músicas de outros compositores, não deixando herança musical alguma para as gerações futuras, além da sua voz e aparência tendo um fim de carreira lamentável. (Mas isso é assunto para outro artigo)
Elvis era a imagem do Rock n’ Roll, mas o ritmo ainda precisava de mais do que isso.
O problema do Rock, na época, era parecido com o que acontece hoje com a música (ruim) no Brasil. Todo mundo gravava as mesmas músicas ao mesmo tempo e dos mesmos compositores, ficando difícil se criar uma identidade.
Então como se sobressair?
Com a imagem, que foi o trunfo usado por Elvis e também pelos Beatles no começo da carreira. Mas mesmo no início, os Beatles já tinham um ideal e uma visão que os fariam totalmente diferentes da mesmice das centenas de bandas que surgiam a época.
Já no primeiro disco, contrariando as vontades do produtor e do empresário, bateram o pé e gravaram 8 composições próprias, começando assim uma reviravolta na música mundial, pois o costume da indústria pop da época era de separar o compositor do intérprete, sendo um caso raro alguém gravar as suas próprias músicas.
Mas depois dessa “revolta”, outras bandas começariam a gravar suas próprias músicas também. Um dos maiores exemplos disso é a banda Rolling Stones, que havia, até aquele momento, gravado praticamente só covers e que, depois do sucesso das gravações originais dos Beatles, foram orientados pelo seu empresário (que havia sido assistente de Brian Epstein – empresário dos Beatles) a começar a compôr, ainda por cima em dupla, tais quais Lennon & McCartney, surgindo assim a parceria Jagger & Richards. E para quem ainda não sabe, o primeiro sucesso dos Rolling Stones foi uma música escrita por quem? Lennon & McCartney.
Os Beatles também foram inovadores na maneira que conduziam e nos lugares que tocaram em suas turnês. Foram pioneiros nas apresentações em estádios, hábito que virou moda na década seguinte e que continua até os dias de hoje.
Foram a primeira banda a lançar vídeos de música no formato dos videoclipes que conhecemos hoje, fazendo isso como forma de promoção da banda, pois já entendiam, na época, a importância da televisão como mídia.
Foram também a primeira banda a fazer uma transmissão mundial ao vivo, via satélite – da música All you Need is Love – em 1967.
A primeira banda a lançar um disco conceitual – Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band –
E a primeira banda a ter um alcance mundial.
Só lembrando que todos esses feitos foram conquistados em uma época em que a TV estava engatinhando, não existia internet, discos importados eram raros e caríssimos e a mídia era basicamente feita através de rádio, jornal e revistas.
Em 2008 a Billboard, divulgou uma lista dos maiores vendedores de discos de todos os tempos e a banda número 1 era The Beatles, com cerca de 1 bilhão de discos vendidos. Michael Jackson, o “Rei do Pop”, ocupa a segunda colocação.

Só para terminar, parafraseando grandes comentaristas de futebol, que dizem que não se pode comparar Pelé a nenhum outro jogador, pois seria injusto com os outros jogadores, posso falar o mesmo dos Beatles: Eles são incomparáveis.
Apesar do respeito enorme que tenho por Elvis e Michael e de toda a importância que os dois tiveram para a música mundial, Reis mesmo, de verdade, só os Beatles.
“...Living is easy with eyes closed, misunderstanding all you see…”
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