QUESTÃO RETRÔ: 18 DE AGOSTO DE 1962, RINGO ESTREIA COM OS BEATLES E FAZ DELES A MAIOR BANDA DO MUNDO
- Nando Oliveira
- 18 de ago. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de ago. de 2019
Hoje abro uma série intitulada 'Questão Retrô', onde vou aproveitar cada data, quando assim julgar importante, para citar aniversários de músicas, lançamento de disco, evento memorável, enfim, algo que tenha acontecido, de sua importância para a música, merecedor de destaque dentro da série. Há exatos 57 anos, em 18 de agosto de 1962, o Mundo enfim era presenteado com a formação oficial e definitiva da maior banda de todos os tempos. A música contemporânea podia ter sua representatividade máxima no quarteto que mais inovou, criou, encantou e assombrou todos os continentes, pois era justamente a presença do último música que se fazia necessária para que o encaixe perfeito viesse a surgir, uma vez que, com o baterista anterior, Pete Best, os Beatles ainda não tinha o combustível necessário para que sua máquina engrenasse de verdade. Os próprios documentários sobre a banda mostram, através de depoimentos dos integrantes, inclusive de empresários e produtores, que a chegada de Ringo transformou o grupo da água para o vinho e isso é perceptível na sonoridade adquirida pelo conjunto.
Mas Ringo, por vários anos, inclusive na época em que esteve em atividade com o grupo, sempre foi alvo de críticas, talvez pelo preconceito de exercer uma função de retaguarda, sem muita aparição em vocais ou composições, o que não é demérito algum, ou quando a geração atual, tida como “nutella”, - que só absorve os bateristas mais contemporâneos, regados de pedais duplos, set gigantesco de bateria e muita, mas muita firula, ainda que a grande maioria realmente seja excelente -, comete atrocidades ao afirmar que o trabalho de Starr era simples e poderia ter sido exercido por qualquer outro baterista de Liverpool na época...será mesmo?
Se engana que acha que Ringo foi apenas o membro mais divertido do conjunto ou que sua função maior, na época, era ser o mediador das brigas dos outros três, quando a razão maior de todas elas era a medição de ego. Ringo tinha muito mais a contribuir do que isso. Sua técnica mais firme de segurar as duas baquetas, como se fossem martelos, ignorando totalmente a pegada clássica jazzística, deu abertura para que novos bateristas pelo Mundo assim o fizessem e nada poderia ter sido melhor para o rock and roll, em termos de agressividade. O “matched grip”, estilo citado, dá mais agilidade e versatilidade para que os bateristas possam, hoje, fazer seus malabarismos.
Indo mais além, Ringo era canhoto, numa época em que encontrar set de bateria para canhotos era praticamente impossível, ainda mais para quem ainda estivesse iniciando seus passos na música, mas sua genialidade foi incapaz de limitá-lo e ele se adaptou à bateria para destros, exigindo muito de sua concentração e perseverança, uma vez que ele era extremamente perfeccionista.
Suas gravações eram feitas em um take só, pois ele não se sentia à vontade em maquiar demais seus trabalhos. Somando a exigência da gravadora com sua mania de perfeição, podemos perceber atuações mais tímidas e contidas até a primeira metade da discografia da banda, mas com a experiência adquirida em apenas 3 anos, a partir do disco Rubber Soul, podemos observar mais variações e investidas em mudanças de ritmo, encorpando a música dos Beatles, enriquecendo o que viria a ser asbsorvido pelas grandes bandas de rock progressivo, anos depois.
Além de tudo isso, curiosidades fora da música faziam de Ringo uma pessoa especial, pois é com tranquilidade que afirmo que, se outro baterista ali estivesse, talvez a separação tivesse acontecido bem antes e hoje não pudéssemos saber o que é o álbum branco ou o Abbey Road, por exemplo. Anos depois, já após a extinção do grupo, Ringo conseguiu unir os outros 3 beatles em um disco solo seu, ainda que em canções separadas: imensurável a grandeza de tal feito.
Enfim, aquele 18 de agosto de 1962, no Hulme Hall, em Birkenhead (Inglaterra), pode ser considerado um divisor de águas no rock em si, na música como um todo, o que faz dessa data ser sagrada e merecer tais palavras nesta postagem que vos faço de forma absolutamente emocionada.
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