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NOSTALGIA NO ROCK: O PASSADO BATE A SUA PORTA E ESCANCARA UMA ONDA DE PRAZER E CURTIÇÃO.

Como se explica o sucesso de tantos segmentos da cultura na onda retrô que mobiliza tanto àqueles que viveram o “que tempo bom que não volta nunca mais” quanto os jovens da geração High Tech?


Essa semana uma notícia instigante movimentou o cenário do rock com o retorno da banda dark-emo My Chemical Romance e a Rage Against the Machine depois de um longo intervalo no lançamento de novas canções e shows.

Uma sensação de nostalgia coletiva imediatamente acertou em golpe o sentimento saudosista dos roqueiros, e em dois dias os hits mais bombados das duas bandas lideravam a lista das canções mais ouvidas dos canais de streamings de músicas.



No Brasil o retorno de Sandy e Júnior( turnê mais rentável de 2019) e de Los Hermanos, que tornou a banda brasileira que bateu o recorde de lotação do maior estádio do Brasil, o Allianz Parque em São Paulo, confirma tanto a força da ligação afetiva das pessoas com o passado, como também calibra o setor econômico envolvendo a arte em geral. Como explicar o sucesso do Team Album, disco de covers dos anos 80 e 90 da banda Weezer? Como explicar O Foo Fighters fazer tanto sucesso no Brasil repetindo o mesmo set de hits do passado nos seus shows?


Como explicar um fenômeno que arrebata multidões, não apenas se limitando a alimentar os arroubos sentimentais de um passado idealizado como um cenário mais afortunado de quem viveu os velhos tempos movidos pelas lembranças, mas incluindo no âmago deste sintoma de curtição e prazer, as novas gerações engolfadas neste movimento que se expõe patentemente com o sucesso estrondoso de Stranger Things e o sucesso de público do Rock In Rio nas atrações clássicas lotada de jovens?


Esse processo de imersão na cultura vem sendo explorada como um filão que irradia para o setor econômico, tonifica as finanças de quem opta por se valer da cultura retrô em cenário pós-moderno realçada pelo apego à tecnologia, principalmente no setor do entretenimento. Neste painel, o espirito colorido do tempo remoto é retomado como uma onda que imerge difundindo de maneira mais emocional para quem viveu os períodos resgatados, e com efeito manada para os jovens que estão adaptadas as relações fluidas com qualquer vinculo que se construa.


Para os saudosistas a explicação para um envolvimento mais estreito afim de restaurar memórias é compreensível e explicado pela ciência da psicologia. Áreas especiais do hipocampo cerebral armazenam memórias conectadas com o sentimento de afeto, ternura e felicidade. Reativar estas lembranças retomam sensações de humor, regozijo, prazer e bem-estar. O cérebro libera mais neurotransmissores ligados ao contentamento e a euforia. Reportar estes sentimentos á recordações que recobre estas sensações podem ser revividas ou até mesmo criadas por meio de fantasias de um cenário feliz para minimizar a realidade crítica e perturbada da vida adulta.


Visto como uma fonte de capital que emana menos custo e esforço de lampejo artístico e de inspiração, a mídia retrô reconhece o fenômeno e midiatiza, difundindo a onda para vários setores da música, televisão, moda e outras manifestações artísticas. Se utilizar da nostalgia como uma estratégia para impulsionar os arrimos do mercado é um recurso decisivo para avivar os negócios.


O apelo nostálgico também reserva além do notório escapismo um complexo e imbrincado sistema de confrontações de lembranças cerebrais reportadas sempre quando se tem experiências extraordinárias. No campo da cultura, os jovens vivenciam na música, shows, espetáculos, as músicas das melhores festas etc, como um manancial de vivências que servem na vida a adulta como parâmetro para resgatar experiências de uma vida sem compromissos, de curtição e leveza típica da juventude. Neste contexto de enfrentamento de experiências do passado e do presente pouco importa a qualidade do material, o que é oportuno é poder sentir os prazeres reavendo sensações que satisfazem.


O refúgio, portanto, se coaduna com a busca pelo passado movido por um retrato que cria cor ao se consubstanciar em lembranças de um “tempo bom” que aliados ao impulso financeiro que o movimento traz de recompensa no setor dos negócios em época parca e de deterioração cultural, principalmente musical, o retorno de grandes personalidades do rock revigora a cena.


Além do Rage Against the Machine e Chemical Romance, Guns and Roses está em reunião para retomada aos palcos. A-HA segue com a nova turnê em 2020 assim como BlackStreet Boys. System Of a Down lança em breve material novo e retorna também aos palcos.



Enfim, ciência e experiência mostram que a nostalgia está em alta, mesmo com a imensidão de possibilidades que a tecnologia traz acompanhado de seus impactos sobre um presente e futuro que pode nos conduzir a inéditos prazeres, porém repleto de incertezas. As certezas do passado registradas na mente sempre serão fontes inesgotáveis de prazer e busca por elas nesta onda de resgate que reanima a vida em meio cenário caótico na cultura, na política, nos costumes etc, etc... que estamos imersos.

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