MORPHINE – INOVAÇÃO E VIRTUOSISMO SEM O USO DE GUITARRA.
- Nando Oliveira
- 30 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de jun. de 2019
A morfina, como a química e a biologia nos ensinam, é um fármaco narcótico de alto poder analgésico, usado para aliviar dores severas. E não é à toa que Mark Sandman, a fim de curar a dor pela ausência das criatividades ousadas do fim dos anos 80 e início dos anos 90, conseguiu chegar à dose precisa quando teve a brilhante iniciativa de unir os ingredientes de seu contrabaixo de duas cordas (somado à sua voz firme) com o saxofone de Dana Colley e as baquetas de Billy Conway. Apenas três integrantes, três únicos instrumentos, ignorando toda e qualquer dificuldade de deixar lacunas em suas canções, lacunas estas que deveriam ser preenchidas por uma guitarra.
Deveriam mesmo?
Quem não tem muita afinidade com a ausência deste instrumento dentro do meio Rock and Roll, certamente não parou para ouvir os trabalhos dos dinossauros Emerson, Lake & Palmer ou dos promissores Royal Blood, duas bandas que explodiram em suas aparições, tanto pela música construída, quanto pela ausência de guitarras em suas criações musicais e exibições ao vivo. E assim foi o Morphine, surgindo justamente quando o Grunge emergia na indústria musical. Enqunto os riffs nervosos das bandas de Seattle ganhavam o Mundo, Dana Colley preenchia as canções do Morphine com os riffs provenientes de seu sax. Parece uma loucura imaginar que um Sax seja capaz de exercer com tanta maestria esta função que cabe à guitarra, né? Mas não se assustem ao ouvir a discografia dos caras!

Para muitos, a banda é considerada como um dos melhores Power Trios de todos os tempos, se juntando a nomes como Rush, Cream, Jimi Hendrix Experience, Nirvana, The Police, Motörhead, ZZ Top, entre outros.
Sandman, inclusive, é muito bem citado por vários grandes músicos, como Les Claypool e Mike Watt , inclusive por Josh Homme, que o tem como uma de suas maiores influências dentro da música.
O Morphine tem sua obra composta por 5 discos, que vão de 1992 até 2000, com destaque para o Cure for Pain, de 1993, aclamado pela maioria dos críticos como o de maior destaque. Nele se encontra a canção que me fez ser apresentado à banda, a qual me causa arrepios até hoje, como se fosse a primeira vez em que eu estivesse ouvindo: a belíssima Buena.
Mas como nem toda banda consegue a longevidade merecida, a fatalidade também se fez presente no Morphine, quando Mark teve um ataque fulminante, em Julho de 1999, durante uma apresentação da banda na Itália, impedindo que ele vivesse para ver como a sua banda seguiria ao arriscar novos horizontes e enriquecer sua sonoridade, uma vez que no último disco deles, o mais experimental de todos (The Night – 2000), houve a primeira aparição de novos elementos, tais quais coros femininos, além de outros instrumentos, com destaques para violino, trombone e violoncelo.
Existem drogas boas, drogas ruins, drogas úteis e drogas letais. Sobre Morphine, só posso lhes garantir que é imperativo que vocês "usem" sem moderação, garantindo o entorpecimento da alma e uma brisa aos ouvidos.
Comments