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LED ZEPPELIN – OS IMPACTOS DO TRIUNFO, DA TRAGÉDIA E DO SOBRENATURAL.

Recentemente em uma entrevista, Robert Plant fez algumas revelações que indicam seu atual estado de espírito. Sinalizou os bons tempos do Led Zeppelin e profetizou até um possível retorno. A ultima reunião de Plant com Jimmy Page e John Paul Jones nos palcos foi em 2007 no Celebration Day.



Mas o que chama a atenção na entrevista é de como Plant denota uma certa melancolia com as tragédias que o acompanhou em sua carreira em especial a morte do filho Karac aos 6 anos em Julho de 1977.


Robert afirma: “Desde julho daquele ano uma cratera escura, desabitada e fumacenta cravou em mim. Sou um ser amputado. Não foi fácil superar a morte de Karac especialmente pelo fato de toda a história que cercou o Led Zeppelin da metade até o final dos anos 1970. Era um ambiente pouco propício à uma vida familiar normal. Mas nos unimos ainda mais minha esposa e eu, nós sempre tivemos famílias fortes. Quando sinto falta dele escrevo músicas e em outras sem muita razão ele aparece em versos de forma não intencional. Tudo isso revela a grande falta que sinto do meu filho”


Em 1977 o Led Zeppelin tinha acabado de iniciar uma mega turnê nos Estados Unidos. Depois de um show, Plant recebeu a notícia de sua esposa Maureen Wilson Plant de que Karac havia adquirido uma uma infecção viral grave e não suportou os efeitos da doença indo à óbito.



Cancelaram os shows e apenas John Bonham e o empresário Richard Cole acompanharam o funeral. Plant entrou em depressão após um colapso e ficou recluso afirmando que não se via mais motivado a continuar como frontman do Led Zeppelin. Plant ficou muito magoado com o silêncio dos demais integrantes da banda e seu único vinculo que o ligava à Led era por meio de John Bonham.


Robert sempre teve uma relação especialmente afetuosa com Bonham, e este o convenceu um ano depois a entrar no estúdio para gravar em 1979 o oitavo álbum de estúdio do Led Zeppelin “In Through the Out Door” que trazia a canção “All My Love” escrita por Plant para homenagear o filho morto.



Um ano depois, em uma visita a Windsor na casa de Robert Plant, John Bonham sucumbido pelo alcoolismo, consumiu tanta vodka que se sufocou com o próprio vômito e foi encontrado já morto em um lugar ermo aos arredores da mansão. O golpe foi tão impactante que em dezembro de 1980 o Led Zeppelin confirma oficialmente o fim da banda.


Robert Plant relembra que o fim da década de 70 foi o auge de seu calvário emocional que eclode em mais um capitulo de provação com a morte de Bonham. Ele afirma “não foi fácil encarar o êxtase insano daqueles anos de auge do Zeppelin com o equilíbrio que se exigia para seguirmos em frente com inspiração para mantermos a qualidade artística e ainda enfrentar shows tão apoteóticos que nos desconectava de planos existenciais concretos. Era tudo muito amplificado. Não tinha como manter a higidez e vigor mental para encarar aquilo tudo”


Plant declarou que seu estado emocional estava por um fio diante do cenário esquizofrênico de shows, estúdio, discos e de todo modus vivendi de um rock star e o fato de que a distância da família, o problema com drogas e álcool e as mortes trágicas o curvou para um estado lastimoso de infelicidade, desolação e abatimento: “ Tive que amadurecer da maneira mais grotesca e desacertada possível. Diante de todo este espiral de fatos hoje reexamino esta trajetória com um certo arrependimento, reconstruí novas bases artísticas e venho conduzindo minha vida pautando em novos valores como amor familiar e amizades”


Neste contexto, a relação de Plant com Jimmy Page ganha uma fenda rachada principalmente depois da morte de Karac. Plant afirma “tivemos momentos incríveis juntos, somos pessoas muito diferentes e antagônicas! Nossas criações e nosso feeling de palco tem uma mística inexplicável, mas é misteriosa nossa forma evasiva de se relacionar como pessoas”


Com a morte de Karac, Page assumiu uma postura de indiferença no que se refere ao arrimo natural que se espera de um parceiro tão umbilical artisticamente. Page se manifestou após alguns meses da tragédia para que Bonham convencesse Plant a iniciar um processo de imersão com o novo trabalho da banda, o que deixou o companheiro ainda mais furioso. Com a morte de Bonham, o vocalista chegou a comentar em um circulo intimo de amigo, que todas as tragédias envolvendo a banda tinha uma relação com o culto obsessivo que Page tinha com a doutrina satanista criada pelo pensador Aleister Crowley, uma espécie de bruxo que deixou o legado de vários manuscritos baseado na filosofia hedonista e da concepção de que o autor da vida é a própria pessoa, portanto o único mandamento a ser seguido é fazer o que se deseja. Nesta concepção, seu pensamento se releva anti-cristão, entrópico, incentivador do uso de drogas e a busca incessante pelo prazer. Page apropriou-se compulsoriamente de uma obstinação em adotar a filosofia Crowleiniana, promovendo encontros, atos de devoção e até a compra do castelo macabro de Aleister e de alguns manuscritos originais. A sinalização de Robert Plant quanto aos motivos das tragédias da banda de que um provável pacto satânico celebrado por Page seria a retribuição por todo o fenômeno artístico que elevou o Led Zepellin a ser uma banda de rock divisora de águas, nunca encontrou sustento em provas.


Sobre o fato de nunca terem cogitado manter a banda mesmo com Page querendo permanecer, este comentou em uma entrevista “O Led Zeppelin era uma força criativa que você não pode simplesmente estalar os dedos e criar. Era uma mistura desses quatro grandes músicos e cada um era importante para a soma total do que era a banda. Gosto de pensar que se fosse eu a não estar mais lá, os outros também tomariam a mesma decisão em não seguir adiante. Além disso, não poderíamos chamar alguém (para a vaga de baterista) e dizer: ‘faça isso, dessa forma? Não seria honesto, nem teria a mesma natureza criativa pela qual sempre nos esforçamos”



Sobre o fim da banda Robert finaliza: “É preciso fechar ciclos, o tempo tem que ser curto para momentos de plenitude. O Led Zeppelin será sempre esse patrimônio musical. Viver sob os alicerces destas lembranças nos dar a garantia de que nossa arte tem um valor singular” Portanto, para Plant um retorno do Zeppelin seria apenas para um novo Celebration Day e assim homenagear novamente Bonham e o triunfo de uma das melhores de bandas de rock de todos os tempos.


** Pesquisa no Livro Led Zeppeliin – Quando os Gigantes Caminhavam Sobre a Terra de Mick Wall.

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