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JOHN LENNON ODEIA, MAS EU NÃO - #4

Fechando essa quadrilogia que retrata as canções odiadas por Lennon, dentro da discografia dos Beatles, enfim chegamos às faixas que deram desfecho aos trabalhos da banda, nos anos de 1969 e 1970.


A primeira delas é Sun King, do Abbey Road, que ele disse que não se passava de uma bobagem que veio a sua mente, numa entrevista dada em 1980. Ela é um reflexo de um sonho que ele teve e como sonhos geralmente são desconexos, esta canção também é. Há uma mescla de várias línguas, como espanhol, italiano, francês e até português (como podemos perceber quando ele fala “obrigado”). Apesar de ela estar em um dos maiores clássicos da banda, eu concordo que ela não esteja entre as melhores coisas já criadas por Lennon, mas está longe de ser uma música ruim. A guitarra latina usada por George e as harmonizações dos outros membros, nas vozes em conjunto, fazem dela essencial para o lado conceitual do qual o disco precisava.



Mean Mr. Mustard teve uma crítica ainda mais pesada de Lennon, que a classificou com uma porcaria. Ela faz parte da leva criativa que Lennon trouxe do período em que esteve na Índia e é uma sequência da canção anterior. O único problema dela é ser curta demais, isso sim. O “scouse” (sotaque forte de Liverpool) se faz presente aqui com mais vigor, além da riqueza instrumental imposta pelo órgão e piano tocados, respectivamente por Lennon e Paul. Uma pena que nada disso tenha tocado John num melhor auto reconhecimento em cima de sua própria obra.



Já saindo do Abbey Road e adentrando no Lei it Be, último disco lançado pelos Beatles, chegamos em Dig a Pony, canção que Lennon destacou como totalmente sem sentido algum, chamando-a de um “pedaço de lixo”. Chega a doer quando sabemos de tamanho descaso com uma canção tão incrível. Essa maravilha faz parte de uma das quatro músicas gravadas ao vivo, no prédio da Apple, em 1969. Na verdade, são duas músicas em uma só, pois aqui temos “All I want is You” e “Dig a Pony” em fusão. Eles queriam chamá-la pelo primeiro nome, apenas, mas preferiram adotar o segundo nome como definitivo. Fica claro que se trata de uma letra bastante espontânea, que faz referência aos Stones e a Johnny and The Moondogs (nome antigo dos Beatles). Como curiosidade, no final da música podemos ouvir John reclamando do frio em suas mãos, afinal eles estavam na cobertura do prédio, ao ar livre.


Dando caracteres finais a este artigo e, consequentemente a esta série, temos a canção título do álbum acima mencionado, a clássica Let it Be, única de hoje que não faz parte da autoria de Lennon, mas de Paul. Em 1980, John disse que não tinha nada a ver com a banda e que não fazia ideia do que se passava na mente de Paul quando ele escreveu a canção. Uma vez eu li que ela se tratava de uma espécie de cântico, feito por um coroinha, em uma missa fúnebre. Talvez seja bem propício observá-la dessa forma. Enfim, Let it Be impacta em todos os aspectos, seja na interpretação maravilhosa de Paul, seja na sua melodia anestesiante, seja na forma como ela se desenvolve, quando Ringo vai inserindo os elementos criativos de sua bateria, além, claro, da estupenda genialidade de George, solando nos momentos certos, transformando cada som produzido em algo perfeitamente adaptável para cantarolarmos quando quisermos matar as saudades de quando ele ainda esteve vivo.



Talvez devam existir outras canções que John, em entrevistas dadas nas décadas de 70 e 80, ou até guardadas para si, também tenha detestado, mas tudo bem, não serão esses deslizes que apagarão a sua genialidade, muito pelo contrário. Nós, meros mortais, é quem não temos direito algum de subjugar absolutamente nada que tenha sido produzido por estes cinco gênios. Já eles, sim, podem tudo!



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