JOHN LENNON ODEIA, MAS EU NÃO #1
- Nando Oliveira
- 23 de mai. de 2019
- 3 min de leitura
Quem não conhece o humor ácido e o comportamento excêntrico de John Lennon? Certamente, só quem não parou para assistir documentários sobre a banda ou ler qualquer coisa relacionada aos Beatles, fora dos bastidores (ou até mesmo dentro deles).
E sobre algumas canções dos Beatles, ou até mesmo algumas covers que eles regravaram ao longo de sua carreira, será que você, fã incondicional do Fab Four, seria capaz de imaginar que alguém seria capaz de criticá-las de uma forma tão severa, ao ponto de chamá-las de lixo? Pois é, Lennon assim o fez!
Mas eu, mesmo apaixonado por (quase) tudo que esse louco de pedra fez em toda sua carreira (até mesmo se casar com a criatura mais estranha da face da Terra, Yoko Ono), posso dizer que John Lennon odeia, mas eu não!
Dou início hoje uma saga de 4 capítulos, onde vou comentar sobre algumas gravações, sempre seguindo uma ordem cronológica, observando algumas das canções que Lennon “desceu o sarrafo”, mas obviamente discordando daquele maluco, me fundamentando nas minhas próprias audições e sentimentos, além de trazer curiosidades que pesquisei ao longo desses anos.
A primeira canção deste primeiro capítulo é A Taste of Honey, do primeiro disco de estúdio dos Beatles, o Please Please Me, de 1963. Esta canção é de 1958, composta por Bobby Scott e Ric Marlow, a qual foi tema do filme de mesmo nome, em 1960. Uma lindíssima canção, muito popular nos anos 60 e regravada por vários artistas de Blues e por orquestras sinfônicas. Ela é, inclusive, uma das que mais gosto de todo o álbum, tendo seu destaque na forma como Paul conduz o vocal, na alternância que Ringo dá a ela e nas harmonizações de John e Harrisson.
(Onde diabos John estava com a cabeça ao apelidá-la de “A Waste of Money" (Um Desperdício de Dinheiro), por considerá-la antiquada para os padrões que a banda seguia em 1963?
Na sequência uma que, assim que eu soube que Lennon disse, com todas as letras, que ODIAVA, fiquei perplexo. (Como é possível alguém odiar It’s Only Love, do álbum Help, de 1965? O título dela anterior era ‘That’s a Nice Hat’, quando ela ainda era apenas instrumental, pouco antes do próprio John colocar a letra, onde ele dá seus primeiros passos na expansão de sua consciência. Destaque para o som trêmulo da guitarra de George e, claro, para a interpretação de John, usando e abusando de sua capacidade de suavizar suas interpretações, sem perder a oportunidade de “rasgar” no refrão.
A terceira de hoje é Yes it Is, de 1965, que pode ser considerada uma espécie de "This Boy" com outra letra, mas bem próxima desta. Uma balada belíssima, onde o grupo mostra todo o potencial que os consagrou, justamente pela harmonização das três principais vozes, trazendo a parte solo de John nas segundas partes. Eu até aceito se o leitor preferir This Boy. É normal. Eu até prefiro também...mas não me venham ignorar as experiências que George Harrisson, já naquela época, fazia com o seu pedal de volume, como ele fez aqui nessa faixa, dando um charme especial à canção.
A última de hoje, que eu acho um absurdo John chamar de descartável, é Run For Your Life, do álbum Rubber Soul, de 1965. Seu início, com o violão de John, tendo a entrada de Harrisson na guitarra solo (além do solo no decorrer da canção), para depois ter as tradicionais harmonizações de todos, com as passagens solo do vocal de Lennon, marcadas pelo pandeiro tocado por Martin e pela bateria de Ringo, dão um excelente desfecho para o disco que viria a ser o último da fase inicial dos Beatles, apesar de muitos acharem que neste disco eles já estavam desprendidos daquela fase, mas eu discordo, por achar que no Revolver é que eles deram mesmo seus passos mais largos para outros rumos musicais.
E aí? Concordam com John ou, assim como eu, acham que tudo não passava de um preciosismo e birra entre ele e os demais membros, principalmente com Paul, além do natural asco que ele passou a sentir da banda que o consagrou, após tantas brigas?
No próximo capítulo eu trarei outras canções, já da fase mais psicodélica da banda, chegando até o rock and roll mais firme, após eles terem abandonado os palcos e terem se dedicado exclusivamente ao estúdio.
Não percam!
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