IRON MAIDEN NO ROCK IN RIO 2019: O SOBERANO SHOW-MONUMENTO
- Dostoievsky Andrade
- 6 de out. de 2019
- 3 min de leitura
A importância do show paradigmático do Iron Maiden em 1985 para uma plateia de 300 mil pessoas no primeiro Rock in Rio se tornou um marco histórico para o ingresso de uma geração no universo da cultura do metal. Abrir para o show de Queen vivendo seu momento triunfal do glam-classic rock e apresentar as canções do disco decisivo do “The Number of the Beast” em uma apresentação apoteótica de energia e furor tornou o Iron Maiden uma banda que a unanimidade encontro nela seu estrato absoluto de consonância com as marcas clássicas do grupo: profissionalismo, apresentações ao vivo impecáveis e produções musicais que interpelam com a literatura, fatos históricos em tons quase operísticos.
A marca dogmática da apresentação do Iron Maiden no primeiro Rock In Rio teve em sua acepção clássica, histórica, raiz como prelúdio de um movimento que no Brasil se consolida na cultura do hard rock em plena festa colorida e cintilante do anos 80. Neste contexto, escrever este prefácio da adesão de milhares de roqueiros ao hard rock com um show peremptório torna este marco um apelo singular para tornar os fãs brasileiros do Iron Maiden a maior comunidade de adoradores da banda em todo planeta. Há um relação de afeto, apego e culto ao seu valor histórico.
Portanto pra mim a apresentação de 1985 do IM no RIR é a mais relevante por todo este enquadramento histórico e cultural. Mas é preciso, portanto, estabelecer uma relação de como a evolução, tecnologia, amadurecimento, apego substancial ao estilo e a necessidade de pelo tempo se auto-referenciar se torna uma emergência em face da caducidade do tempo que não perdoa.
E aí o Iron Maiden versão 2019 no Rock In Rio se supera com um show tão impressionante, insólito, fabuloso e fenomenal que deslumbra, e ouso dizer, até se comover pelo fato de que o tempo foi um ciclo que tornou o Iron Maiden um colosso absoluto de perfeição no que se refere a sua contribuição ao rock e ao universo dos shows-espetáculo.

Na turnê recente “Maiden England” muito além do apelo visual estupendo é um compêndio musical de auto-reverência ao legado da banda com seus clássicos, revisitando todos os álbuns da brilhante carreira em um revival parecido com a turnê de 1988 mas agora turbinado com a inclusão de outros hits.
Notável que o público não se surpreendeu com o setlist e literalmente todas as letras eram declamadas com uma devoção venerada ao mesmo tempo que se chocavam com sobressalto e surpresa diante dos imponentes e gigantesco cenários ilustrados com fogos de artifício e parafernálias imponentes conferindo ao espetáculo um nível conceitual e magnânimo dos temas abordados, passando por referências como Religião, Guerra, Liberdade etc.
Bruce estava especialmente performático e com potência vocal impecável imergido no palco em que se reproduzia quase um teatro. A trilha sonora repleta de hits não deu trégua com Moonchild, Can I Play With Madness, 2 minutes to Midnight, AFraid to shoot Strangers, The Tooper, Fear of The Dark e Run to The Hills e muitos outros. A banda inteira se mostrou extremamente sintonizada e com uma energia espantosa para a idade dos caras detonando em seus respectivos instrumentos técnica apurada e uma sonzêra sublime.

A importância de encarar esse show como uma referência e inspiração para outras bandas veteranas é justamente estudar o roteiro de um espetáculo dessa envergadura e incorporar à proposta um set list cirurgicamente elaborado para compatibilizar cenário, música, interpretação e principalmente o apelo popular do clássico afim de permitir que o público interaja com todo panorama daquele momento do show. Uma lição que deveria ser aprendida por Bon Jovi e Metallica. Tudo isso tornou a 11º apresentação do Iron Maiden no Brasil primorosa e colocou no pódio do melhor show da história do Festival.
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