EDDIE VEDDER NÃO É MAIS QUERIDINHO NA EUROPA?

Esses dias pudemos acompanhar uma notícia de que alguns fãs do músico Eddie Vedder ficaram, digamos, “putinhos” com a exibição do músico em parte de sua turnê pela Europa, mais precisamente em um show feito no “país da bota”, Itália, especificamente na cidade de Barolo, o qual repercutiu negativamente na boca de fãs (cof cof cof) mais sensíveis. Como eu não gosto de deixar passar nada, sem antes averiguar, fui atrás de vídeos, matérias, imagens e depoimentos, para saber o que realmente estava acontecendo com essa “queda brusca de qualidade” do líder do Pearl Jam em sua carreira solo ao vivo.

Foram colocados em questão a “forma de cantar” do Eddie Vedder, forma esta que ele traz há vários anos, mais precisamente após o álbum Riot Act, de 2002, iniciando um jeito mais suave de expressar seus versos, dadas as naturais limitações que a idade impôs, após pouco mais de 10 anos de muita, mas muita gritaria (ainda que sem a perda do brilhantismo na suavidade).

Também foi colocado em pauta o fato de Eddie Vedder estar “bêbado demais no palco”.

- Queridos, desde que me entendo por gente e acompanho essa banda – e isso tem para bem mais do que uma década -,eu desconheço um único show onde o Ed não tenha se exibido sem a sua notória garrafa de vinho, diversas vezes sendo substituída por outra.

Vocês queriam o Morrissey e seu pavor (ui) por álcool?

What the fuck, guys?

E para fechar as tão “gloriosas” críticas dos europeus, o setlist dos shows também foi sumariamente massacrado.

Vamos ao dito cujo, né?

1. Keep Me in Your Heart (cover belíssimo de uma canção incrível de Warren Zevon...Belíssima canção mesmo)

2. Don’t Be Shy (Alguém, em sã consciência, consegue não curtir esse clássico do Cat Stevens, vulgo tio Yusuf?)

3. You’ve Got to Hide Your Love Away (The Beatles, amigos...Eu não precisaria comentar nada, mas deixo que vocês acompanhem a execução de Eddie na gaita, nessa faixa)

4. Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town (A mais bela folk do álbum Vs, de 1993)

5. I Am Mine (A mais bela canção do Riot Act e um dos mais belos solos de guitarra do Pearl Jam)

6. Brain Damage (cover do Pink Floyd, que casa perfeitamente com a música sequência, Sometimes)

7. Sometimes (Uma das mais sombrias músicas do Pearl Jam, do álbum No Code)

8. Good Woman (Essa é da Cat Power. Eu não conhecia, achei bonita e não vi problemas em tê-la num setlist intimista)

9. Wishlist (Simplesmente uma das letras mais belas que o Pearl Jam possui, do disco Yield)

10. Indifference (Uma das obras mais belas, psicodélicas, tristes e sombrias dos anos 90, da autoria do Pearl Jam, do disco Vitalogy)

11. Far Behind (da trilha sonora de Into the Wild, de 2007)

12. Long Road (Canção que traz “somente” a magia do mestre Neil Young)

13. Guaranteed (Uma das mais emblemáticas do filme Into the Wild)

14. Can’t Keep (a primeira faixa, até agora, que eu particularmente não gosto muito, mas que acompanha o Eddie desde seus primeiros passos na carreira solo, inclusive fazendo parte de seu segundo álbum, mesmo ela sendo do Pearl Jam)

15. Just Breathe (Quem não se arrepiar com essa música, nem gente é...)

16. Better Man (Clássica faixa do Vitalogy)

17. Last Kiss (Hino de Wayne Cochran, imortalizado na voz de Eddie)

18. Porch (O saudoso hino dos “moshs” do Eddie ao longo da carreira)

19. Jeremy (Preciso dizer a grandeza de Jeremy?)

20. Isn’t It a Pity (Essa, para mim, é novidade. Uma canção do George Harrison, uma canção difícil de assimilação pelos mais jovens, mas um clássico do eterno Beatle. Muito ousado do Eddie em e cantá-la e tocar um organ de fundo. Achei super válido)

21. Unthought Known (Da fase nova do Pearl Jam, uma das 3 mais incríveis da banda)

22. I Won’t Back Down (Clássico de Tom Petty, sempre presente nos shows)

23. Black (Fodam-se, é a melhor canção da história!)

24. Sleepless Nights (Canção do Everly Brothers. Belíssima)

25. Song of Good Hope (Tinha que ter uma canção do Glen Hansard, até pela presença dele com o próprio Ed, nesses shows, né?)

26. Falling Slowly (Estupenda canção do Swell Season. Estupenda mesmo)

27. Society (Canção de Jerry Hannan, imortalizada por Eddie no filme Into the Wild)

28. Should I Stay or Should I Go (Hino do Clash, amigos...hino)

29. Hard Sun (Canção do compositor Indio, que virou clássico do filme Into the Wild, também)

39. Rockin’ in the Free World (Para fechar, a mágica faixa de Neil Young, que ninguém no Mundo, com exceção do autor, canta melhor do que Eddie Vedder)

Ou seja, como percebemos, um setlist diversificado, bem democrático, passando por todas as fases do Pearl Jam, passeando por clássicos de grandes nomes da música, de várias décadas, além de outros covers que enaltecem e ajudam outros artistas a se tornarem grandes também, demonstrando parte do caráter desse ser humano que se chama Eddie Vedder.

Mas vamos todos nos dar as mãos e ficar incomodados porque ele estava bêbado, como sempre esteve em quase 30 anos de carreira?

Vamos todos jogar as pedras porque ele esqueceu algumas letras, quando era justamente nesses momentos, lá pelos anos 90, onde os shows do Pearl Jam ganhavam mais e mais aproximação dele com o público, pois todos se ajudavam e os shows ganhavam mais ainda aquela atmosfera uníssona, né?

Enfim, vamos nos alimentar dessa mania escrota de criticar, talvez movidos pela necessidade de sermos metidos a politicamente corretos ou até mesmo perfeccionistas em excesso, o que por ironia do destino nunca foi intenção alguma de nenhum membro do finado Grunge e de suas bandas vertentes?

Eu não!

Eu prefiro sentir a boa inveja de quem esteve nesses shows da Europa, sentiu de perto a energia passada por um dos últimos remanescentes do grandioso rock and roll dos anos 90 e pode se deliciar com um repertório maravilhoso, dar boas risadas dos erros normais de palco, interagir com os diálogos honestos de sempre e, com muita sorte, ainda ganhar um gole de vinho do mestre.

Abaixo, deixo um único vídeo desse show, do hino de Neil Young: