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BON JOVI EM RECIFE – ESPETÁCULO INTERNACIONAL COM UM GOSTINHO DE DECEPÇÃO

O Show de Bon Jovi no estádio do Arruda em Recife foi um evento extraordinário em termos megalomaníacos: Um palco gigante, uma estrutura visual e sonora incrivelmente impressionante em um grande estádio e com público que abarcou os espaços do lugar advindo de todo o Nordeste do Brasil em uma estimativa de 35 mil pessoas, todos muitos sedentos para reviver os clássicos hits da banda de New Jersey(EUA) com 35 anos de carreira.


Foi um show que empolgou pouco e demorou para engatar e começou morno apesar de “Born to be My Baby” dá um sinal explosivo de que instigaria, mas logo depois veio a nova “Knockout” e a country rock “Lost HighWay” faixa título de um disco menos explorado da banda. Alivia o público que estava em peso ali pra ouvir os clássicos com “You Give Love a Bad Name” seguindo de mais uma canção do ótimo disco recente do Bon Jovi “This House is Not for a Sale”.



A propósito, esse ultimo disco do Bon Jovi tem a mesma pegada dos últimos lançamentos da banda, que apesar de estabelecer uma identidade mais pop rock é coerente com a proposta de lançar aos novos tempos em um padrão musical de sonoridade mais contemporânea, e que agora não caberia resgatar o glam rock dos anos 80 em que o Bon Jovi fertilizou seu imenso sucesso. Neste disco, a banda inova com alguns maneirismos melódicos menos óbvios com destaque para alguns elementos eletrônico e um foco mais solar ao teclado. Phil X na guitarra cumpre excelentemente bem seu papel de substituir Richie Sambora que era uma medula do grupo. Este último trabalho do Bon Jovi é mais melancólico e maduro nas letras que irradia também na sonoridade. Apesar das canções serem muito parecidas com acordes pareados o disco surpreende com boas canções que salpicam com alguma imprevisão.

Voltado ao show de Recife, é natural que o mais recente trabalho e a necessidade da banda de explorar a discografia para despertar o interesse do público com seu legado musical seja uma meta artística que move qualquer banda a encarar um projeto de turnê. Mas no universo do prazer imediato e da necessidade de consumir hits comerciais, o público gera uma expectativa para contemplar estes grandes clássicos que uma vez suprida em doses homeopáticas como no momento da apresentação da canção It’s My Life o “Arrudão” vai abaixo. Sensacional foi logo em seguida a participação protagonista de David Bryan no teclado cantando a belíssima “In These Arms” do disco Keep the Faith.


O show arrebata quando canções como Keep The Faith e Have Nice Day prepara a plateia com o momento êxtase de “Bed Of Roses” com todos os balões de coração iluminados e luzes de celulares ligados com o público dando coro á Jon Bon Jovi que segue como um coroa de carisma impar e com charme e beleza para deixar as fãs em estado de arroubo pleno. O músico é um frontman de primeira, que circula no palco, sorrindo, dançando com fãs e segurando a bandeira do Brasil com carinho e expressando o quanto tem afeto pelos brasileiros. A voz de Jon já não é a mesma, mas comparado com muitos veteranos do rock que sempre cantaram no limite do abuso, o cantor manda muito bem como interpretando a emocionante “Amen”.



A banda é redondíssima, com Phil X detonando e o destaque de David Bryan que amplifica seu teclado nas canções mais recentes de Bon Jovi, além da eficiência de sempre de Hugh McDonald no baixo, Tico Torres na Batera e dos músicos de apoio. Os momentos oitentistas foram bem recebidos com “Runaway”, “Lay on Heads on me” e ‘Bad Medicine” agitando o público mais “StrangerThingiano”.


O fim da apresentação foi um tanto decepcionante para quem esperava uma fileira de hits conhecidos como forma a dar ao público que esperava agitar ou se emocionar com alguma balada sem parar entre uma canção e outra e teve o paliativo da atmosférica “Livin’ on a Prayer” que desfechou o show sob o olhar desiludido do público que clamava por Always, cantada em São Paulo em 2017 no Allianz Parque, esse, um show realmente inesquecível do Bon Jovi.



Achei o show no setor musical mediano e perfeito como espetáculo, mas foi um dissabor testemunhar na saída do estádio o público um tanto desencantado. É importante destacar que o apelo pop da banda com um cantor que explora até hoje uma estampa de celebridade, sedutora e charmosa invoca para dentro da atividade musical uma marca que padroniza o estilo popular, que em um pais latino movido pela paixão encontra neste modelo as exigências de curtir o entretenimento ouvindo as canções radiofônicas e que resgate saudosismo passadista. Neste sentido, o show do Bon Jovi em Recife deixou a desejar.

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