Black Sabbath e a misteriosa capa do primeiro álbum
- Daniel Azevedo
- 5 de fev. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 16 de fev. de 2020

Há exatos cinquenta anos, mais precisamente em uma "sexta-feira 13", a banda inglesa "Black Sabbath" - formada por Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward - lançava o seu primeiro álbum de estúdio, gravado "ao vivo", em apenas um dia, o qual recebeu como título o próprio nome da banda, e que, à época, não causou grande repercussão. Aliás, a ideia do título teve como origem o filme italiano I Tre volti della paura (em inglês, Black Sabbath), de 1963, estrelado por Boris Karloff e dirigido por Mario Brava, o qual, aliás, também serviu de referência para o roteiro de Pulp Fiction, segundo relata Quentin Tarantino.
Meio século depois, o disco, recheado de elementos do blues, é considerado por muitos - inclusive por este colunista - o pontapé inicial para o surgimento/desenvolvimento do heavy metal em todo o mundo, a epifania que serviu de inspiração para muitas outras bandas que, à seu modo, adaptaram-se ao estilo.
Todavia, um dos fatos mais inusitados a respeito de Black Sabbath não está exatamente no seu processo de criação, mas sim no seu produto gráfico final: a capa assustadora.
Desde os primórdios até os dias atuais, a capa do disco foi motivo de muitas indagações, dúvidas e teorias mirabolantes elaboradas pelos amantes do heavy metal. Há, sem dúvidas, uma mulher macabra vestida com uma espécie de manto preto, segurando um objeto desconhecido, parada em meio a um matagal, com uma suposta casa mal assombrada ao fundo. Quem seria esta moça? Seria uma bruxa? Um demônio? Uma vampira? Uma aparição fantasma? E a residência? A quem havia pertencido? Quem vive lá? São estas as perguntas que todos fazem ao ter o primeiro álbum do Sabbath em mãos.

Todas estas teorias parecem desviar por caminhos mais sinistros e tomar feições mais obscuras quando as letras entram em jogo, vez que abordam temas como ocultismo, bruxaria, satanismo e ideias de igual natureza, a exemplo da canção “N.I.B”, em cujo verso de uma das estrofes é possível ler “my name is Lucifer, please take my hand”.
A realidade é que a foto foi tirada em um moinho localizado em Mapledurham, em Oxfordshire, na Inglaterra, às margens do Rio Tâmisa, cenário este que, inclusive, foi utilizado em cenas do filme The Eagle Has Landed ("A Águia Pousou"), lançado em 1976.

Com uma série de tonalidades exageradas e filtros específicos aplicados (false color photography), a capa foi construída para causar o efeito pretendido pela banda: terror e medo. Aliás, “se as pessoas pagam para assistir a filmes de horror, como o do Boris Karloff, por que não o fariam também com o álbum do Black Sabbath?”, era essa a ideia sustentada pelo quarteto de Birmingham, e que desde então persistiu durante toda a carreira.
Com relação à mulher misteriosa da capa (uma suposta bruxa), trata-se da modelo Louisa Livingstone. Louisa, atualmente, tem aproximadamente 68 anos de idade e é envolvida com - pasmem - música eletrônica. É, também, astróloga e atriz. Tais informações surgiram recentemente, quando da comemoração dos 50 anos do disco "Black Sabbath". Do ponto de vista artístico, é uma obra sem precedentes, em que pese os músicos ainda estarem se encontrando dentro de suas virtudes musicais.
E o ponto alto deste disco, para mim, está na música "The Wizard", composta pelo baixista Geezer Butler, o qual declarou ter se inspirado no mago Gandalf, de "O Senhor dos Anéis". As linhas de gaita são simplesmente arrepiantes e só demonstram o quão influenciados pelo blues os músicos estavam.
Foi neste período que o Black Sabbath começou a ser visto pelo mundo e a se consagrar como uma das maiores bandas de rock da história.
Não deixem de escutar este disco maravilhoso!
Daniel Azevedo de Oliveira Maia
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