"AMOR DE MÃE": A CANÇÃO QUE NÃO TERMINOU.
- Daniel Azevedo
- 12 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 19 de mai. de 2019
Lançado em 1995 - quatro anos após a morte de Freddie Mercury - o álbum "Made in Heaven" carrega em suas músicas uma homenagem póstuma ao eterno vocalista da lendária banda inglesa Queen.
Há, entretanto, um fato bastante curioso a respeito da gravação deste disco: a música "Mother Love", verdadeira ode feita por Freddie à sua mãe (Jer Bulsara).
Vinte quatro horas antes de falecer, Mercury anunciou para o mundo, através dos seus médicos, que era portador do vírus da AIDS, doença esta que vinha escondendo há muitos anos, poupando os fãs das angústias e aflições a respeito das possíveis consequências de sua patologia.
Farrokh Bulsara - nome de origem de Freddie Mercury - antes de dar o seu adeus, lotou inúmeros estádios por todo o mundo, gravou 17 discos de estúdio e grandes álbuns ao vivo e conquistou o - merecido - título de maior vocalista de todos os tempos. Apesar de tudo, no último momento de sua vida, apenas uma pessoa lhe vinha à mente: sua mãe.
Ninguém imaginaria que o maior frontman da história da música, milionário, bem sucedido e com o mundo em suas mãos, iria se despedir cantando: "Eu tenho andado por muito tempo solitário; Eu já estou cansado deste mesmo jogo; Sou um homem do mundo e eles dizem que sou forte; Meu coração está pesado e a minha esperança se foi; Fora da cidade, no lado frio do mundo; Eu não quero pena, apenas um lugar seguro para me esconder; Mamãe, por favor, deixe-me voltar aí pra dentro".
O guitarrista Brian May revelou que durante as gravações, Freddie Mercury estava fraco, absolutamente debilitado, sem condições de ficar em pé, quando simplesmente tomava uma dose de vodka e cantava, de forma sobrenatural, como se estivesse no auge de sua carreira.
Entretanto, no decorrer da gravação de Mother Love, o vocalista infelizmente veio à óbito. A música foi finalizada e cantada por Brian May. É possível sentir o "peso" da música, principalmente num instante em que se ouve uma espécie de "tiro" sombrio, sinalizando a partida de Mercury deste mundo.
O desfecho da canção é um tanto quanto inusitado: um complexo de sons distorcidos, compilando diversas vocalizações de Freddie durante grandes concertos (em especial, Wembley, 1986), bem como de músicas gravadas no passado, e aplausos de milhares de fãs ovacionando-o, encerrando o momento apoteótico com o choro de uma criança, representando, de forma magnífica, o retorno do vocalista no tempo (daí a canção "Goin' Back" surgir ao fundo), perpassando pelos dias mais gloriosos de sua carreira, chegando ao maior porto seguro que já esteve em sua vida: o ventre de sua mãe.
"Mother Love" é o último registro musical da voz de Mercury. Nada mais foi cantado após esta canção.
E este, talvez, tenha sido o seu maior legado: a lição de que devemos amar as nossas mães acima de tudo, independentemente do quão alto estejamos. Elas sempre serão os pilares de sustentação de nossas vidas. O nosso porto seguro. Neste mundo, só há um amor incondicional e sem limites: o amor de mãe.
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