ACID BLEND – ROCK PARAIBANO DE PRIMEIRA QUALIDADE
- Nando Oliveira
- 28 de jul. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 7 de ago. de 2019
Há quem diga que o Estado da Paraíba é escasso de bandas bem qualificadas no gênero mais popular do Planeta, sob a argumentação de que no estado outros estilos ofuscam a capacidade de surgirem bons nomes, com criação suficiente para obterem destaque dentro do cenário local e até nacional, muito menos internacional, mas se engana quem pensa assim, ainda mais quem não se aprofunda em conhecimentos acerca das possibilidades que por aqui encontramos.
Sempre busquei me aprofundar em conhecer nomes já existentes e, principalmente, garimpar por quem está surgindo e buscando seu espaço. Foi assim que tomei conhecimento de uma das bandas mais espetaculares que tive o prazer de conhecer, inclusive vendo-os ao vivo em sua cidade natal, Guarabira-PB, localizada há 105Km da capital João Pessoa. O evento era referente à segunda edição do Festival Grito Rock e contou com outras bandas além da Acid Blend, a qual destacarei hoje, como a Hard Trio (também da cidade Guarabirense), sobre a qual falarei em outra oportunidade.
Bem, o pessoal da Acid Blend iniciou sua formação muito recentemente, em Outubro de 2014, mas com tão pouco tempo de estrada já possui uma pegada fortíssima e um entrosamento de causar espanto.
Como formação, a banda tem Fábio Bronzeado nos vocais, Márcio Cavalcanti na guitarra solo, base e vocais (backing e principal, às vezes), Marx Cavalcanti na guitarra base, Thiago Tasca no baixo e Heitor Freitas na bateria.

O som remete a grandes nomes clássicos dos anos 60 e 70, flertando com nomes dos anos 90, influenciados por estes mais antigos, alimentados por muito rock and roll, blues, folk, progressivo e, claro, psicodelia.
No evento Grito Rock eu pude adquirir o primeiro álbum da banda, homônimo, de 2017, do qual falarei um pouco.
(abaixo o link do spotify)
https://open.spotify.com/album/6vIWbviy35RH3wuFp8Wky7?si=8Bdy292CRNaI95m_dODggg
O disco abre com a faixa Acid Rain, que traz na sua sonoridade exatamente o que o título da canção propõe. Numa espécie de chuva ácida a banda conseguiu unir elementos que lembram bastante o Pink Floyd, principalmente na harmonia dos vocais. Uma canção perfeita para abrir o disco e já mostrar, logo de cara, o porquê da escolha do nome do grupo. Os solos de guitarra em fusão com a sonoridade do teclado são os momentos de êxtase máximos da faixa.
Na sequência, uma mudança brusca com Watching the Clock, trazendo mais peso, lembrando bastante a sonoridade do Alice In Chains, principalmente nessa nova fase pós Layne Staley. Admiro bastante a pegada forte da bateria, com as guitarras mais “nervosas”, tais qual o vocal principal. Uma espécie de sonoridade egípcia dá novos rumos à canção, remetendo a algumas coisas que já ouvi com o Iron Maiden, por exemplo. Enfim, uma canção excelente.
Em seguida, Mama, I’m Coming Home mantém a mesma pegada da faixa anterior, mostrando que a escolha dessa atmosfera deveria ser mantida. Uma canção que, apesar da “demora” para se chegar até o refrão, compensa quando ele vem, porque se finca em sua mente pelo resto do disco inteiro. É facilmente um dos hits da banda e vai se manter no seu subconsciente para sempre. Pra variar, o ouvinte é presentado com outro solo maravilhoso e possantes viradas de bateria nos derradeiros momentos da faixa.
Sing to Me é a quarta faixa, diminuindo a potência, mas ganhando em melodia. Uma obra prima de relaxamento. Para muitos, a mais bela do disco. É impressionante a harmonia não convencional e a capacidade, também harmônica, dos vocais em contraste, remetendo bastante às fases áureas dos Beatles em meados dos anos 60. É para fechar os olhos e sentir prazer de estar diante de algo tão bom e tão nosso.
Seguindo com o álbum, o clima ganha novos ares com Night on Fire. Uma faixa que me lembra bastante o Guns and Roses. Aqui temos destaque total para o vocal de Fábio Bronzeado, não poupando a garganta em um segundo sequer, seja com agudos seguros ou drives firmes. Uma demonstração de versatilidade que o disco é capaz de mostrar.
World of Lies traz uma sonoridade bem próxima da faixa anterior, porém bem mais pesada, com outra potência vocal tendo destaque, só que dessa vez com os backing vocals bem mais participativos e, “para variar”, outros solos impecáveis de guitarra.
Because I Love You eleva o disco ainda mais às alturas. Facilmente esta faixa foi produzida para se transformar num hit e assim ela conseguiu, pois durante os shows é claramente uma das que mais instigam o público, produzida claramente para ser o ápice do momento de interação entre banda e fãs.
Os anos 60 foram resgatados em Alone, com tudo aquilo que era sentido nas décadas primordiais do rock. Por aqui não há distorções, mas sim um ponto elevadíssimo de melodia, que toda grande banda precisa ter quando se aventura em construir uma balada bem apurada. Márcio Cavalcanti demonstra que, além de um exímio guitarrista, tem um voz muito boa.
Era Blues que vocês queriam? Mais ainda? The Traveler não poupa nada do clássico estilo norte americano em sua essência. Usando e abusando de sua capacidade vocal, Fábio Bronzeado dispensa mais ainda os comentários. Aliás, a banda toda traz nessa faixa um encaixe ainda mais diferenciado de muitas coisas que eu tenho ouvido nos últimos anos em bandas locais.
Quase no final do disco, Under the Sun remete aos grandes clássicos progressistas da década de 70. Para os saudosistas, essa faixa vai lhes soar ainda melhor. É natural demais as comparações com bandas e faixas do passado, pois muito daquela fonte foi bebido e colocado na música, o que nos deixa ainda mais orgulhosos em saber que, por aqui, também temos construções tão boas.
Fechando o disco, Dirty TV é a faixa mais “suja”, sem dúvidas. É aquela mais distante daquilo que podemos chamar de hit, talvez tendo chamado minha atenção ainda mais por isso. Não esperem absolutamente nada convencional nela, nada mesmo. Um grande álbum tinha que ser fechado com tamanha ousadia. É como se fossem várias músicas em uma só, fechando sem cerimônias nos acordes finais.
Não se sabe ainda quando outro trabalho será lançado, pelo menos ninguém de nossa equipe tem essa informação, mas pretendemos realizar uma entrevista com o pessoal da banda e trazer aqui para vocês, pois o Acid Blend necessita ganhar horizontes ainda mais distantes e, se depender de nós do Questão Musical, esse salto será o mais breve possível.
Deixo aqui o facebook e Instagram deles, caso queiram acompanhar notícias e publicações.
Agradeço imensamente pela bela matéria , Nando.
Caro Nando Oliveira... primeiramente quero parabenizar pelo seu blog de altíssima qualidade,realmente estou surpreso com sua capacidade e sensibilidade ao escrever...você fez uma belíssima matéria sobre o Acid Blend,com detalhes ricos que só um bom entendedor do assunto poderia abordar...estou muito grato por tudo...parabéns.
Um forte abraço
Márcio Cavalcanti