1979: QUANDO O QUEEN SACUDIU O MUNDO, SEM COMPOR UMA MÚSICA.
- Daniel Azevedo
- 4 de mai. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de mai. de 2019
O ano era 1979.
O mundo experimentava uma reviravolta de eventos que marcariam a história da arte.
No cinema, as pessoas compravam ingressos para assistir "Alien", "Mad Max", "Star Trek" ou mesmo o polêmico "Calígula".
Na música, "The Wall" (Pink Floyd) e "Highway to Hell" (AC/DC) provocavam abalos sísmicos.
Paralelamente, o movimento punk estava ganhando forças, em grande parte graças à "anarquia no Reino Unido", feita pelo Sex Pistols.
No entanto, em meio à tantas epifanias musicais, a veterana banda inglesa Queen anunciava o seu primeiro disco ao vivo, após o lançamento de uma sequência de sete álbuns de estúdio.
"Live Killers" foi lançado em 22 de junho de daquele ano, conquistando o terceiro lugar nas paradas britânicas.
O quarteto, formado por Freddie Mercury, Brian May, John Deacon e Roger Taylor, parecia dar uma breve pausa nas composições, como se usufruíssem de um merecido descanso após sacudir o mundo com "Bohemian Rhapsody" (1975), "Love of My Life" (1975), "Somebody to Love" (1976) e "We Will Rock You/We Are The Champions" (1977).
Ao contrário do que muitos pensam, Live Killers não foi o registro de um concerto isolado. Trata-se de um compilado de músicas gravadas durante shows realizados no final da década de 70, mais precisamente durante a turnê do álbum "Jazz" (1978).
O repertório é absolutamente matador: inicia-se com We Will Rock You (aquela versão rápida que poucos conhecem), seguida de Let Me Entertain You e Death On Two Legs. Esta última canção, poucos sabem, mas é uma verdadeira "carta de ódio", absurdamente violenta, feita por Mercury ao ex-empresário da banda, Norman Sheffield, que aplicou um golpe no quarteto, roubando parte do lucro do disco "A Night At The Opera" (1975). Reza a lenda que o próprio Brian May sentia-se mal ao cantá-la nos backing vocals...
Fato é que a música foi mesmo dedicada a Norman Sheffield, e o próprio Freddie o faz ao vivo (no disco "Live Killers", é possível ouvir os "beeps", censurando-o).
Pois bem!
Este é um álbum daqueles que não te permitem respirar, principalmente com o medley "Killer Queen - Bycicle Race - I'm In Love With My Car" (cantada por Roger Taylor).
Na sequência, "Get Down Make Love" vem para quebrar a sequência "classic rock" com todo o seu "sensualismo perigoso" delineado por, literalmente, "sexo", "drogas" e "rock'n'roll".
E assim o show continua: You're My Best Friend, Now I'm Here, Dreamer's Ball (esbanjando todo o seu "charme country"), "Love Of My Life" (a música rendeu até mesmo um vídeo), '39 (até hoje não entendo o porquê de Brian May não tê-la cantado neste show, sendo ele o compositor da música), "Don't Stop Me Now" (a música ainda não havia explodido comercialmente), "Spread Your Wings", "Brighton Rock" (o ponto fraco do álbum, pois não é possível digerir o extenso solo de guitarra mal executado por Brian May), "Bohemian Rhapsody" (criticada por não ser tocada de forma completa), "Tie Your Mother Down", "Sheer Heart Attack" e o gran finale "We Will Rock You"/"We Are The Champions".
Como percebemos, o Queen compilou as melhores versões de suas melhores músicas neste disco. Daí, talvez, o nome "Live Killers", fazendo referência às "matadoras ao vivo".
Este ano, o Live Killers completará 40 anos de história e ainda insiste em causar emoções.
Certamente, uma preciosidade atemporal que presenteou uma legião de fãs (hoje, idosos), mas que continuará regalando as atuais e futuras gerações.

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