top of page

WASTING LOVE, UM PONTO FORA DA CURVA DA DISCOGRAFIA DO IRON MAIDEN.

Estava a pensar no tema para a coluna desta semana. Várias abordagens permearam a minha mente, mas um fato ínfimo me chamou a atenção: Os 27 anos do lançamento do single “Wasting Love”.


Mas, o que esse lançamento tem de extraordinário? Realmente, não há nada de mais. Porém, considero um verdadeiro ponto fora da curva da discografia do Iron Maiden, pois Wasting Love destoa de muitas canções em sua esmagadora maioria.


O Iron Maiden ficou conhecido por compor canções rápidas, pesadas, um tanto agressivas e, ao mesmo tempo, com muita harmonia e beleza. Mas, Wasting Love possui uma pegada típica das baladas de bandas de Hard Rock/Heavy Metal dos anos 80. Além do mais, a palavra “Love” (amor) no título chama muita atenção, pois só voltou a figurar em um setlist de álbum em Brave New World, na canção “The Thin Line Between Love and Hate”.


Peço licença para fazer uma interferência no andamento do texto para contar um pouco da minha história como fã do Iron Maiden. Conheci a banda quando tinha 13 anos de idade, quando um tio (Referência ao Lobo, colunista deste blog) me emprestou algumas fitas VHS a fim de me introduzir ao mundo do bom e velho Rock n’ Roll – à época eu só escutava Titãs, alguma coisa do Paralamas do Sucesso e bandas que passavam à exaustão na MTV, como é o caso de Linkin Park, Red Hot Chili Peppers, Offspring e etc. Dentre as fitas tinha Pink Floyd, Ozzy Osbourne, Black Sabbath e aquela que nunca saía do vídeo cassete: Iron Maiden. Ver aqueles vídeos viraram a minha cabeça do avesso, e eu passei a ter um desejo ardente de adquirir itens da banda. Mas, eu me perguntava à época: Como vou conseguir? Deve ser muito caro e eu só recebo R$ 30 de mesada!


Um belo dia, andando nas lojas americanas, vi por R$ 20 a coletânea do Iron Maiden chamada “Edward The Great”, entrei em frenesi. A fim de economizar a minha parca mesada, enchi a paciência da minha mãe para me ajudar a comprar, prometendo melhorar as notas da escola. Convenci a coroa a ponto de que ela pagasse a totalidade do disco. Chegando em casa, corri para colocar o CD no mini system. Que sensação fantástica! A partir daquele momento assumi um compromisso comigo mesmo: Todo mês eu iria usar meu rico dinheirinho para comprar pelo menos um CD do Iron Maiden por mês!


Neste meio tempo, descobri uma finada loja de discos daqui de João Pessoa, chamada Trobador. Lá encontrei o primeiro disco de inéditas do Iron Maiden, de 1980. Achei um bom disco, mas não havia provocado o mesmo impacto quanto a coletânea Edward The Great. Até porque eu estava desavisado de que antes de Bruce Dickinson a banda havia tido outro vocalista. Na época eu não tinha fácil acesso à internet para fazer essas pesquisas e me aprofundar nos detalhes da banda. Constatar isso foi uma surpresa, pois na referida coletânea não tinha nenhuma canção dos tempos de Paul Di’anno.


No mês seguinte, continuei com o plano. Desta vez, encontrei dentre os discos usados o Fear of the Dark. Aquela capa me fez babar. Os olhos brilharam ao ver o Eddie cravado no tronco de uma árvore. Quinze reais era o preço, metade da minha mesada. Dane-se, não tinha nenhum compromisso mesmo. Paguei com maior gosto e voltei correndo para casa, uma distância de mais ou menos 3 Km. Nem senti o cansaço, pois só via na minha frente o velho mini system azul (que Deus o tenha) tocando aquele disco que eu estava mais do que curioso para ouvir.



Capa do disco Fear of the Dark. Acho de um bom gosto bem peculiar. À época da aquisição, me chamou muito a atenção, o que me fez adquirir o álbum conhecendo apenas uma música, a faixa-título. Considero-o como um dos meus discos favoritos da banda.


Sobre a capa do Fear of the Dark, destacamos a seguinte ponderação feita por Renata Vilela, no livro “Iron Maiden – Biografia Ilustrada”, senão vejamos:


“Diferentemente do que ocorria desde o début, a versão de Eddie na capa de Fear of the Dark não foi trazida por Derek Riggs. Quando questionado sobre o motivo da mudança, Rod respondeu que era preciso diversificar os artistas.
[...]
O autor do Eddie que se mescla a uma árvore invernal em uma noite sombria é Melvyn Grant, que, no futuro, contribuiria também em virtual XI e em The Final Frontier. Na opinião de Dave Murray, a alteração foi muito benéfica porque acompanhou as mudanças no som da banda. Era como se Eddie estivesse mais malvado e tivesse sofrido com muito mais ressacas, completou Murray”.

Chego em casa, ligo o Playstation, fecho a porta do quarto, insiro o Fear of the Dark no som, aumento o volume e tento jogar Winning Eleven enquanto rola a sonzeira. Antes de começar a jogar, parei tudo para ver que porrada era aquela que estava tocando. Aquela entrada de Be Quick or Be Dead me fez pirar! O Riff de guitarra, a interpretação furiosa de Bruce Dickinson, o baixo de Steve Harris metralhando sem parar me fizeram perder o fôlego. Repeti a primeira canção por umas 5 vezes, pois não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir – enquanto isso o joguinho estava pausado, pois eu não consegui fazer as duas coisas ao mesmo tempo, tamanha era estupefação.


Respirei fundo e disse para mim mesmo: “Bom, vamos deixar o resto do disco rolar. Creio que teremos muita coisa boa pela frente”. De fato teve. A banda vinha mantendo o alto nível de música pesada e sombria até que... entra Wasting Love. Aquela introdução lenta, melodiosa, que parece que faz o ouvinte mais atento flutuar no ritmo das notas musicais. Depois vem aquele violão sublime, que enche o ambiente. Entra Bruce Dickinson cantando de forma suave, até que a música irrompe em um refrão pesado, pegajoso e bem elaborado.


Fiquei encantado quando ouvi Wasting Love pela primeira vez, pois até então eu nunca havia escutado uma balada que versasse sobre o amor composta pelo Iron Maiden.


Mas, espera lá! Wasting Love não é uma canção de amor típica das baladas mais grudentas e mela-cueca dos anos 1980. Não é aquela canção que você vai colocar para conquistar a garota por ter uma letra linda, melosa e fofinha. Ela fala sobre um verdadeiro drama de muitas pessoas: o vício sexual que faz com se configura em um amor perdido, ou desperdiçado.


Trata-se da frustração e tortura de um homem que mesmo admitindo que deveria ser honesto, mas que mergulha no sexo desenfreado com várias mulheres sem nunca conseguir se realizar. E, ao seguir esse hábito desenfreado acaba atraindo para si uma solidão, um vazio que as paixões efêmeras não conseguem preencher com instantes de prazer (Ah, só deixando claro que não estou aqui para dar lição de moral a “seu” ninguém. Apenas estou expondo o teor da canção. Você pode se relacionar até com uma árvore, pois eu não estou nem aí. Hehehe).


Se o leitor ainda não entendeu o motivo pelo qual Wasting Love é um ponto fora da curva da discografia do Iron Maiden, irei recorrer a Mick Wall, autor do livro “Run To The Hills – a Biografia Autorizada”, que assim se expressa logo na introdução:


“Cerca de 50 milhões de álbuns vendidos depois, o Maiden ainda carece de escrever a sua primeira canção romântica de verdade (Nota do Caveira: O que exclui Wasting Love. Ela apenas tem o instrumental melodioso, típico das baladas roqueiras, pois sua letra não segue a fórmula clichê) ou ter a palavra baby em alguma letra de qualquer um dos seus mais de 40 singles de sucesso. Só isso já bastaria para que eu quisesse escrever sobre eles.”

Veja: Wasting Love foge da velocidade, fúria e peso característicos da banda. Utiliza-se de uma melodia típica de balada, mas a sua letra – escrita por Dickinson e Gers – a afastam da fórmula de baladinha de sucesso usado à exaustão nos anos 1980.



Capa do single.


Seguindo a linha destoante da própria canção, o Iron Maiden resolve lançar Wasting Love como single, porém apenas na Holanda (veja que curioso!). Compõem o single as apresentações ao vivo em Wembley de algumas canções do disco No Prayer for Dying, quais sejam: Tailgunner, Holy Smoke e The Assassin (o que me surpreendeu. Tantas músicas legais, logo esta figurou no single?!).



Faixas que compõem do single Wasting Love.


Diante do exposto, posso assegurar que Wasting Love destoa de tudo o que o Iron Maiden compôs. Isso não significa que a canção seja ruim, pelo contrário, pois eu a adoro. Por fim, deixo a pergunta: Será que a banda lançará uma canção simular no próximo álbum que está em processo de gravação? Só o tempo dirá! Então, “Dream on Brothers, while you can” (Sonhem, irmãos, enquanto vocês podem)!



Vídeo que contém a letra e tradução de Wasting Love. Acompanhe!




Belíssimo videoclipe oficial.



Execução da música Wasting Love, em 1993, na cidade de Milão. Nesta época, Bruce Dickisnon estava apenas "cumprindo tabela" com a banda, pois havia feito o anúncio de sua saída, mas assumiu o compromisso de encerrar a turnê. Diz-se que Bruce, farto da banda, em apresentações menores, apenas murmurava ao microfone, protagonizando apresentações pífias, não-condizentes com o seu habitual.



Comentarios


© 2020 por QUESTÃO MUSICAL.

Fone: (83) 98660-2949
E-mail: blog.qmusical@gmail.com

  • Facebook
  • Instagram
bottom of page