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ROGER WATERS DEU UMA CANELADA?

Os gênios erram? Até onde vai a razão dos grandes ídolos da música? Quando um grande gênio da música opina, ele sempre acerta?


A partir do momento que um fã coloca a carapuça de um “deus” sobre seu ídolo, este passa a ser visto como infalível, logo sempre estará com a razão. Aos que agem assim, meus pêsames.


Você pode não ser fã do Pink Floyd, tampouco da carreira solo do Roger Waters. Mas, é inegável a sua contribuição ímpar para a história da música mundial.


Roger é gênio! Roger possui opinião forte, muitas vezes contundentes e muito bem embasadas! Roger entrou para o rol dos “eternos” da música mundial. Porém, Roger é infalível? Ele erra? Ele é “deus”? Para os mais puristas, tenho uma péssima notícia: Ele erra, e como erra. O dito cujo é tão humano como nós, só que com uma grande diferença (e que diferença!) – É rico, influente e possui a pecha de autoridade em quase tudo que fala. Quem é capaz de questionar àquele que está no alto do seu “olimpo”?


Vamos entender essa falação introdutória? Então, sigam-me os bons!


No último Domingo, dia 30.06.2019, o grande cantor Brasileiro Milton Nascimento realizou o show “Clube da Esquina”, na cidade de Tel Aviv, Israel.


O show em questão foi organizado pelo Produtor Brasileiro Daniel Ring, que vive em Israel, cuja intenção era apenas de promover a arte brasileira em uma terra distante da nossa, bem como levar a mensagem de paz mundo afora.


Tá, mas o que Roger Waters tem a ver com o show do Milton Nascimento em Israel? O ícone da música mundial tem motivos para se preocupar com mais um show, dentre tantos que acontecem diuturnamente ao redor do Planeta Azul? Digo que o fundador do Pink Floyd tem tudo a ver com o evento do cantor brasileiro.


Roger Waters é apoiador do Movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel (BDS), e enviou uma carta a Milton Nascimento, na véspera do seu show no país judeu, pedindo para que este não realizasse seu trabalho. Então, o brasileiro respondeu em nota oficial:


“Fui convidado a cantar aqui por uma empresa gerenciada inteiramente por um brasileiro. Somente com essa informação cai por terra qualquer tipo de argumento de que eu esteja contribuindo com o “apartheid israelense”. Este show NÃO (sic) tem qualquer incentivo do governo de Israel, muito menos do exército israelense”.

E continua:


“Durante a ditadura militar brasileira eu jamais deixei de tocar no meu país. Então, por que eu deixaria de tocar agora? Por que deixaria de compartilhar experiências de amor e mudança enquanto acontece no Brasil um governo de extrema-direita? Mesmo divergindo das ideias de um governo, jamais abandonarei meu público”.

O pessoal do BDS pressiona os músicos internacionais, há mais de 15 anos, para que não se apresentem em Israel, sob alegação que este país comete crimes contra os palestinos. Atitude nobre, não? Roger Waters é apoiador do BDS, logo o faz nobre. Ser nobre não o deixa de sê-lo hipócrita. Sim, hipócrita! Afinal, o pau que bate em Chico também deve bater em Francisco.


Roger Waters participa de uma verdadeira patrulha a fim de persuadir músicos a deixarem de se apresentar para seu público em determinados países que estejam envolvidos em crimes contra a humanidade. Israel comete crimes contra palestinos? Sim. E a Venezuela? País este que tem todo o apoio do músico inglês, não deve ser lembrada como responsável por crimes contra a humanidade?


Se é para patrulhar, vamos fazer o trabalho direito, Sr. Waters! Se vai boicotar Israel, faça o mesmo contra a Venezuela!


E mais, Milton Nascimento foi se apresentar em um show privado a fim de atender o anseio do seu público fiel que se encontra em uma pátria distante.


Entendo que a arte tem que ser levada para onde existe a dor. A dor provoca trevas. A arte traz luz. Somente a luz combate as trevas.


Parece-me que Roger Waters parou de fazer arte (música) há tempos, e passou a se preocupar mais com ideologias. Logo, não vem percebendo que as trevas estão ofuscando sua luz que tanto irradiou dentro da música mundial por meio das belíssimas composições do Pink Floyd.


Para ilustrar, imagine um país em guerra, totalmente devastado. Você é um músico e recebe um convite para levar suas composições à população. Movido por um sentimento nobre, resolve arriscar sua vida e leva sua arte àqueles que necessitam de uma válvula de escape para esquecer um pouco dos terrores causados pela insanidade gananciosa dos homens. Ao tocar em um país que comete crimes contra a humanidade, em um evento particular, isso te faz um apoiador dos genocídios? Na minha opinião, não. Absolutamente, não! Se assim o fosse, Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden, jamais receberia um prêmio de reconhecimento por ter tocado em Sarajevo (saiba mais aqui), quando se encontrava em Guerra Civil. Vejo muita semelhança entre os atos de Dickinson e Nascimento.


Romário, quando era jogador de futebol, certa vez disse: “Pelé calado é um poeta”. Devo usar a mesma frase em relação ao Sr. Waters?


E você, qual a sua opinião? Abraços.

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