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O DIA QUE O THRASH METAL “DOMINOU” O ROCK IN RIO DE 2019

O Thrash Metal surgiu no começo dos anos 1980. Sub-gênero do Metal, o som pesado passou a ter cada vez mais agressividade, velocidade e atitude. A referida década de 80 trouxe um sem número de bandas que ajudaram a consolidar o estilo, tais como o Metallica, Megadeth, Annihilator, Anthrax, Testament, Nuclear Assault, Slayer e etc.


Na minha opinião, o Thrash Metal transita numa linha tênue entre o Metal Tradicional e o Death Metal, ora trazendo elementos do primeiro, ora trazendo elementos do segundo. Para se ter uma ideia, a linha é tão tênue que não raro algumas bandas “migram” de forma gradual do Death para o Thrash Metal, como é o caso do Sepultura, nosso maior expoente da música pesada.


Em 1985, na sua primeira edição, o Rock in Rio chamou a atenção ao dedicar um dia exclusivo para o Metal. O Brasil parou para ver a tribo de headbangers que passaram a aparecer aos montes na TV Aberta que, até não tanto tempo atrás, viviam em completo ostracismo. Os Bangers eram tratados como alienígenas pela mídia. Seus cabelos bagunçados, roupas com espinhos, energia exalando por cada poro dos seus corpos, o gosto para um gênero musical pouquíssimo popular, até em então, nas terras tupiniquins, deram origens a matérias das mais estapafúrdias, que faziam o vovô cair da poltrona com tanto absurdo que era dito e/ou tentavam forçar transparecer.


De 1985 para cá, foram diversas edições do RiR, cuja maioria dedicava um dia para o Metal. O Thrash Metal sempre aparecia, aqui e acolá com algumas bandas, nunca a maioria. Em 2019, a coisa foi completamente diferente. Das 8 atrações do dia 04 de Outubro de 2019, 5 eram de Thrash Metal: Nervosa, Torture Squad + Claustrofobia + Testament, Sepultura, Anthrax e Slayer.


Como dito em outro texto, por falta de organização pessoal, perdi o primeiro show do dia 04.10.2019: Nervosa. Mas, pude ver, em outro momento, que as meninas não decepcionaram. Representaram muito bem a voz feminina, cada vez mais presente, dentro do mundo do Metal.


Pude ver o magnífico show do Torture Squad (que atualmente conta com a presença da vocalista Mayara Puertas, mais uma mulher na cena Metal), que contou com a participação, em dado momento, do Claustrofobia e do Testament (representado mais precisamente o vocalista Chuck Billy). Algo bem típico do palco Sunset, que é fazer essas participações especiais bem emblemáticas. Valeu a pena demais!


Encerrado o show do Torture Squad, corri para ver o show do gigante brasileiro, o Sepultura, que iria abrir o Palco Mundo. Embora curto, o show foi certeiro. Explorando várias fases da banda, o Sepultura tocou desde materiais antigos/clássicos como Arise e Inner Self, até recentíssimos, que não foram nem lançados, quando a banda apresentou uma canção que irá compor o próximo álbum. Coube, ainda, uma belíssima homenagem ao eterno André Matos, quando executam a introdução de Carry On, clássica canção do Angra. Quando começaram a tocar Roots Bloody Roots, eu pensei “Eles estão acabando o show”! Dito e feito. Do meio para o fim, corri para o Palco Sunset, pois o Anthrax iria subir ao palco.


Anthrax sobe ao palco tocando nada mais, nada menos que a introdução de Cowboys From Hell, do Pantera, quando emendam com um dos maiores clássicos da carreira: Caught in a Mosh! Mosh?? Ora, foi o que imediatamente se iniciou em várias partes da plateia. Sem deixar a vibe cair, tocam Got the Time, com sua pegada bem Hardcore, fazendo o público extravasar no Mosh que iniciou na música anterior. Como todo show curto de festivais, o Anthrax usou e abusou dos bons e velhos clássicos. Madhouse, Antisocial, Indians (que fechou o show) e a pesadíssima A.I.R (admito que fiquei surpreso em ver a banda executando-a ao vivo. Foram primorosos!) “temperaram” com boníssimo gosto esta apresentação.


Ao final do show do Anthrax, rolou o Helloween, cujo show falei no texto anterior (clique aqui). Ao final do belíssimo show dos alemães, corri para ver o inferno na terra, a apresentação do Slayer!


Tudo começa com uma introdução pesada e sombria. Palco escuro, luzes projetam crucifixos em um pano preto. Em poucos segundos, de forma sincronizada, os crucifixos começam a se inverter. Após todos ficarem de ponta cabeça, as mesmas luzes projetam a logo da banda, fazendo o público ir ao delírio!


Mesmo em um palco pequeno, o Slayer soube fazer um bom efeito visual e entregar aos fãs um repertório que passeou por várias fases da banda. Citamos as excelentes apresentações de War Ensemble, Season in the Abyss, Hell Awaits (uma das minhas favoritas), South of Heaven, Rainning Blood (Nooossa! O Mosh que rolou nessa música foi incrível!!) e etc.


A banda encerra o show tocando três petardos: Black Magic, Dead Skin Mask (cuja execução me fez ficar arrepiado dos pés à cabeça) e Angel of Death. Esta última, quando começou com aquele bom e velho Riff matador, fiquei a pensar: Acho que Tom Araya não conseguirá dar aquele berro agudo no início da canção. Graças ao bom Deus do Metal eu estava redondamente engando. O chileno mandou um agudo que a Cidade do Rock estremeceu, me deixou atordoado e levou o público ao delírio!


O Thrash Metal dominou o dia do Metal deste ano de 2019, o que pode dar uma pontinha de esperança para os fãs do gênero, que passaram a sentir que o estilo está ganhando cada vez mais espaço e respeito, o que poderá garantir novas e mais bandas em próximas edições do evento.


Com shows primorosos, todas as bandas foram altamente competentes, entregando um espetáculo que, ao meu ver, agradou a maioria. Erros são comuns, mas são facilmente ignorados ante o farto cabedal de acertos.


Deixo a minha crítica ao fato de o Slayer ter tocado no palco Sunset. Uma das bandas mais importantes da história do Thrash Metal estava em uma Tour de despedida e merecia, ao meu ver, um destaque e uma estrutura maior e melhor.


O dia do Metal do RiR 2019 deixou saudades para mim. Resta apenas as boas lembranças e este espaço para compartilhar, com todo o carinho, as minhas experiências. Aguardem o último texto desta saga do dia 04.10.2019, que será o meu relato/opinião do show dos veteranos dos Scorpions! Aguardem! Abraços.

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