MINHA EXPERIÊNCIA NO ROCK IN RIO 2019
- Wender Imperiano
- 8 de out. de 2019
- 6 min de leitura
Compartilho com vocês a minha experiência no Rock in Rio de 2019, mais precisamente no famoso dia do Metal. Antecipo que farei resenhas de alguns shows (aguardem!!!), mas focarei, neste momento, na minha vivência a fim de dar um depoimento de quem viu, sentiu e concluiu in loco.
Tudo começou quando foram iniciadas as vendas do chamado Rock in Rio Card, que é uma espécie de cupom que o fã adquire a fim de garantir a presença em um dos dias do evento (de sua preferência e desde que haja disponibilidade), que posteriormente seria divulgado pela organização. Era um tiro no escuro, pois poderia haver um sério risco de fecharem com poucas ou nenhuma banda do meu agrado do gosto musical. Mesmo assim resolvi arriscar.
Assim que divulgaram que fecharam com bandas como Iron Maiden, Sepultura, Slayer (que havia anunciado a turnê de despedida), Megadeth (que veio cancelar por motivos de saúde do grande Dave Mustaine) e etc., eu logo pensei: “Já sei que dia eu irei cadastrar o meu Card!!!”.
Chegou o dia de viajar ao Rio de Janeiro, e logo permeavam dúvidas sobre o deslocamento do local da minha hospedagem até à Cidade do Rock. Falo isso porque tive a péssima experiência do Rock in Rio 2015 (que celebrava os 30 anos de evento), pois a cidade era um verdadeiro canteiro de obras por conta das Olimpíadas de 2016. Na ocasião, o transporte era horrível! Mesmo saindo do local de hospedagem de meio dia (considerado meio tarde para quem queria chegar nos primeiros shows do Palco Sunset), enfrentei entre 4 a 5 horas de deslocamento. Resultado: Perdi todos os shows do Palco Sunset, me restando apenas a opção de ir assistir aos shows do Palco Mundo, que foram ótimos, mas foi uma situação desagradável para quem queria fazer valer cada centavo investido para curtir o evento.
Os receios logo caíram por terra, pelo menos em parte, pois a organização do evento foi primorosa nas suas articulações junto à prefeitura municipal, que destinaram inúmeras opções de transporte público para que o espectador pudesse chegar com agilidade. Deixo a crítica de que destinaram tanto transporte para o evento que causou transtorno para o carioca comum que apenas queria honrar com seus compromissos diários. Ainda, mesmo em grande quantidade, os BRTs e metrôs sempre iam abarrotados de gente. Certamente este foi o maior perrengue que passei na edição deste ano.
Encarei um metrô, cujos trens apareciam aos montes, não deixando o espectador que perdeu um coletivo esperando mais que cinco minutos para que outro aparecesse. Chegando à estação-destino, nos deslocamos até o terminal de integração da Alvorada, que disponibilizava inúmeros BRTs com destino à Cidade do Rock. Com trânsito exclusivo, após pegarmos o BRT, não demorava sequer 20 minutos de deslocamento, chegando a um tempo total de trajeto sendo feito em menos de uma hora! Veja que diferença gritante: em 2015, demorei de 4 a 5 horas de deslocamento; Em 2019, menos de uma hora! Perdi apenas a primeira apresentação do Palco Sunset (show da banda Nervosa), mas a culpa foi toda minha, que saí do local de hospedagem com certa demora.
Ao chegar na Cidade do Rock, deparo-me com uma “chuva” de informações vinda de pessoas que trabalhavam no evento, sempre com o intuito de instruir os pagantes para que os equívocos fossem mínimos. Então, entrei ao local do evento. O Torture Squad estava dando início ao seu excelente show. E por falar em show, a organização deu um no quesito pontualidade, em sinal de total respeito aos espectadores. Nem parecia que estávamos no Brasil! Assim que acaba um show no Palco Sunset, em poucos instantes iniciava um do palco mundo. Notando isso, quando eu sentia que um show estava em vias de conclusão, eu partia para uma “peregrinação” para o outro palco, pois eu não queria perder um minuto sequer dos shows que viriam (pois eu já tinha perdido um show inteiro, e não me perdoaria se perdesse outros mais).
Em um clima amistoso, sem notar um sinal sequer de violência, pude ficar tranquilo e, assim, pude curtir ao máximo cada instante do Rock in Rio. As horas a fio se passaram rápido, os shows eram fantásticos de tal forma que parecia hipnotizar o fã de metal, ao ponto de fazê-lo esquecer de dores no corpo e ignorar o calor que castigava enquanto o sol estava a brilhar.
Embora estivesse em um ambiente com cerca de 100 mil pessoas, não passei perrengue algum para saciar minhas vontades mais básicas, como ir ao banheiro e alimentar-me, pois as filas para ir ao toalete eram rápidas, foram disponibilizadas vários box sanitários que atendia de forma satisfatória a todos que procuravam; O evento permitiu que cada um levasse seu alimento (coisa que eu fiz) no limite de cinco itens, o que me garantiu seguir até o fim do evento sem ter que desembolsar um real sequer para consumir os caros itens alimentícios do evento. Fora disponibilizado, também, espaços para que os pagantes pudessem encher suas garrafas D’água. As filas eram enormes, mas os mecanismos para coletar água eram potentes a tal ponto que cada um não demorassem mais de um minuto enchendo seu recipiente.
Por outro lado, não pude deixar de notar algumas atitudes pouco civilizada de alguns presentes, tais como o descarte de lixo que, ao final do evento, extensas áreas estavam emporcalhadas pelo destino indevido que davam aos seus respectivos resíduos gerados. No fim do show dos Scorpions, quando eu estava me dirigindo para a saída, tive que desviar mais de lixo espalhado do que de pessoas que ali estavam presentes.
Peço licença para relatar um caso bem peculiar, que chamou muito a minha atenção. Antes de o Iron Maiden executar a gloriosa canção “The Clansman”, Bruce Dickinson fazia um discurso sobre o sentido da canção (o que é práxis da banda quando vão tocar esta música) enaltecendo que falava sobre liberdade e a luta para conquista-la. Nisso, um “lacrador” (eu estava sentindo falta disso durante todo o evento – mentira, não estava, estou sendo irônico) começou a puxar o coro “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*!”, que logo foi acompanhado por meia dúzia de gatos pingados. Em poucos instantes, este pequeno grupo foi rechaçado por outro maior que dizia algo como “Cala a boca, porr@! Para de falar merd@!”. O grupo “lacrador”, que se sentia “oprimido” e clamava “liberdade” (mote da música The Clansman) nesta “ditadura” que vivemos – que talvez eles vivam apenas nas suas respectivas mentes -, logo se calou depois da represália daqueles que mais se interessavam pela música e não por palavras de ordem vazias e que serviriam apenas para tumultuar o emblemático show do Iron Maiden (para se ter uma ideia, a mídia especializada classificou como o maior show de todas as edições do festival Rock in Rio).
Após o show dos Scorpions eu estava extenuado. As dores tomavam conta de todo o meu corpo, mas a sensação de alma lavada estava latente. Após voltar à dura realidade de não ter mais que estar presente daquela atmosfera ímpar, chega a hora de lutar contra o corpo um tanto debilitado e rumar em direção à hospedagem. Foi inevitável ser tomado pelo pensamento: “Droga! Estou lascado para voltar, pois o transporte irá falhar com essa demanda sobrecarregada!”. Embora sobrecarregada, o esquema de transporte público funcionou (pelo menos para mim) de forma primorosa, pois em menos de uma hora eu já estava limpo e deitado confortavelmente na cama.

Foto tirada instantes depois do fim do show do Scorpions. Não parece, mas 60% do meu corpo doía.
Toda essa experiência me fez chegar à seguinte conclusão: O Rock in Rio é um puta de um evento, que vem se aperfeiçoando a cada edição. Existem falhas? Sim, e muitas. Basta você revirar aqui e acolá que aparecerão, mas devo me ater apenas ao que vivi e dar o depoimento de um consumidor que saiu extremamente satisfeito com a aquisição.
Quem nunca foi, se programe para viver esta experiência alguma vez na vida. Procure rechaçar o “mimimi” daqueles que não foram, pois muitas das vezes são opiniões recalcadas de quem ficou ressentido por não ir e que sente prazer em minimizar as experiências fantásticas que outros tiveram.
Por fim, deixo aqui minha preocupação sobre o futuro do evento no que se refere às futuras atrações, pois parte massiva daqueles que se apresentaram no festival, embora gozem de enorme prestígio do público e da mídia especializada, estão em vias de encerrarem as suas respectivas carreiras, o que faz surgir uma pulga detrás da orelha daqueles que querem ver apresentações de alto nível no festival. Mas, este é um tema para um próximo texto...
É... o Rock in Rio irá render um pouco mais aqui na minha coluna semanal. Portanto, acompanhem!
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