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LACRE IN RIO?

Começou o Rock in Rio! Que legal! Para muitos, este é o maior festival de música do mundo (não sei se de fato o é). Se assim o for, é motivo de orgulho, pois é uma criação brasileira, e leva o nome de uma das principais cidades do país, o Rio de Janeiro.


Já tive a experiência de vivenciá-lo em 2015, na edição de 30 anos de criação do evento. Foi uma atmosfera única, experiência inesquecível que, com toda a certeza, contarei para meus descendentes com brilho nos olhos. (Ressalto que estou em vias de comparecer a esta edição de 2019, de onde trarei uma cobertura sob o meu ponto de vista. Acompanhe nosso instagram no dia 04 de Outubro!)


Em 2015, o meu interesse era apenas a diversão e a música. Senti que este também era a intenção da esmagadora maioria ali presente. Porém, em 2019 tem algo que vem chamando atenção: Os intensos protestos contra o governo federal e a famigerada crise ambiental na floresta amazônica.


Muitos que estão lendo este texto dirão: Ah, mas este ano temos motivos de sobra para protestarmos, afinal temos um “fascista” opressor no poder, que está destruindo o “pulmão do mundo”! (Irei me abster de comentar os termos entre aspas, pois o texto, em si, já se afasta bastante da musicalidade, então é melhor não se estender nas “polêmicas”).


Se você é uma das pessoas que pensam assim, direi que sofres de um grave problema de memória, pois em 2015 já estávamos vivendo uma crise política-econômica-financeira sem precedentes. Casos de corrupção explodindo, manifestações nas ruas sem fim (com direito a atuação de grupos Black Blocks), empresas fechando portas, empregos sendo perdidos e etc., até a culminância com o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em 2016.


Dito isso, não lembro de ter presenciado (ao menos nos dias que fui ao evento) gritos de protesto e entoação de palavras de ordem como vemos nesta edição, que podemos citar as seguintes: “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”, “Salve a Amazônia”, “Ele não”, etc.


Com estes atos, digamos, bem peculiares do público frequentador desta edição, o Rock in Rio passou a receber o nome, um tanto pejorativo, de Lacre in Rio, em clara alusão à expressão da moda “lacração”, que nada mais é do que uma pessoa tomar atitudes ou fazer declarações de cunho “empoderado”, que desestabiliza uma suposta opressão, pensamento arcaico e limitador das mentes.


Mas, será que podemos afirmar que estamos presenciando um “Lacre in Rio”? Vejamos alguns fatos abaixo enumerados.


1. Durante a apresentação da banda Tenacious D, do ator e cantor Jack Black, a plateia começa entoar “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”, o qual recebe o apoio do referido frontman;


2. Durante o show da banda Detonautas Roque Clube (cujo vocalista Tico Santa Cruz é declaradamente de esquerda), a plateia começa a gritar “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”, quando o vocalista pede para que a plateia para evocar boas energias, não energias negativas. Dependendo do ponto de vista, pode-se interpretar que o Tico Santa Cruz associou o nome Bolsonaro a energias negativas (veja o vídeo abaixo e tire suas conclusões);



3. Durante o show do DJ Alok (que, segundo informações, apoiou o então presidente Jair Bolsonaro na época das eleições), o público repetiu o “mantra” de protesto contra o presidente, quando o DJ, de forma educada, pediu para que as pessoas amassem as outras e que tivessem respeito pelo próximo. Mas, parece que as pessoas não estavam afim de ouvirem sermão, tampouco demonstrar um pouco que seja de temperança...;


4. De tantos que apoiavam o “Salve Amazônia”, circula informação de que foram coletadas mais de 30 toneladas de lixo. Vejo como uma atitude asquerosa que muitas pessoas fazem sem nem notaram, quando querem que o problema seja resolvido, desde que eles não ponham a mão na massa. Neste caso, que resolvam o problema da Amazônia, Já, que mantenham o planeta limpo, mas que outros limpem, que outros façam o serviço.


5. Somando-se aos protestos de muitas pessoas da plateia, a apresentadora do Multishow (canal de TV que transmite o evento) Titi Müller pede, ao vivo, o impeachment do presidente (leia aqui);


6. Dentre outros casos.


Diante de tudo isso, eu pergunto: Cadê a preocupação com a música e a diversão mesmo, hein? Será que o protesto e o like em redes sociais vale mais do que o foco de um evento voltado para a música?


Entendo e respeito a opinião daqueles que veem que o Brasil está passando por momentos difíceis, com muitos erros da gestão atual, mas é preciso colocar política em tudo?


Será que bandas como Iron Maiden, Scorpions, Slayer e etc., que tocarão em breve, estarão preocupadas em passar uma mensagem política para um povo já segregado, ou querem trazer um espetáculo digno de fazerem o público transcender, esquecer os problemas por algumas horas e se divertir em um dia inigualável? Acho que será a segunda opção.


E, francamente, desejo que o público passe a pensar assim, afinal ninguém merece ter que perder minutos preciosos de um show para mostrar a sua revolta e fingir que é civilizado, bem informado e detentor de um espírito altruísta e interessado no patrimônio ambiental.


Além de esperar boa música (aos meus ouvidos, é claro) no Rock in Rio, que está começando a desaparecer com o tempo, era de se esperar de um roqueiro (isso também se aplica ao fã de outros estilos também) um mínimo de inteligência e bom senso, sob pena de estamparem (como já fizeram no passado) o rótulo de pessoas sujas, burras e preguiçosas. O Rock in Rio servirá de vitrine para que as pessoas vejam o comportamento alheio e assim tirem conclusões próprias, que podem ser precipitadas ou não.


E, tentando responder à pergunta inicial, embora haja “lacração”, ainda vejo que a música se sobrepõe a toda essa manifestação. Sendo assim, deixe seu lacre em casa e leve seu lixo (o saco), tome atitude para não esperar pelos outros, e bom show. Até o dia 04! Abraços.




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