FECHANDO COM CHAVE DE OURO O DIA DO METAL: SCORPIONS.
- Wender Imperiano
- 5 de nov. de 2019
- 5 min de leitura
Segundo a organização do Rock in Rio, o Iron Maiden era a atração principal do Dia do Metal. Logo, por lógica, seria a banda que encerraria tudo, pois esta é a tradição. Contudo, os ingleses foram os antecessores dos Scorpions, estes encarregados de fecharem o evento naquele dia.
Muitos estranharam, inclusive eu. Mas, quer saber? Não vejo motivos para polêmicas desnecessárias. Houve uma nota por aí que o Iron Maiden simplesmente pediu para tocar antes, e assim foi feito. Para mim, este foi o típico caso de que a ordem dos fatores não altera o resultado. Ainda teve gente que ficou de choradeira por causa disso, vai entender, viu? É um privilégio estar presente num evento em que dois gigantes do Rock estiveram presentes, e ainda tiveram aqueles que preferiram choramingar a curtir aquele momento épico. Sem falar que acho um sacrilégio uma pessoa que abre a boca para dizer que fã de Rock n’ Roll e partir em retirada antes de contemplar uns bons minutos de canções clássicas do Scorpions.
Alguém pode pensar: “Caveira, cada um gosta do que bem entender! Ninguém é obrigado a nada!”. Sim, eu sei! Mas, já parou para pensar que o Iron Maiden não seria o que é sem os Scorpions? Bandas como Scorpions e UFO foram grandes influências para Steve Harris moldar o som da banda. Se você idolatra a criatura, então faça um esforço para prestigiar o “Criador”. Falo isso porque muitas pessoas (milhares delas) foram embora assim que o Iron Maiden terminou de tocar, deixando alguns vazios na plateia.
De toda forma, eu estava lá e pude sentir algo único. Com isso, finalizo a minha “saga” no Dia do Metal do Rock in Rio 2019!
Depois de 34 anos, os Scorpions voltam a tocar no Rock in Rio, trazendo um repertório excelente. Excelente também era a boa forma física dos músicos, e o que mais me chamou a atenção foi o Klaus Meine (71 anos), que mostrou certo vigor físico e vocal. Costumo dizer que ele faz gargarejo com formol, pois sua voz não sofreu danos severos depois de tantos anos de carreira.
O show começa com a introdução de Crazy World. Ao final, eles começam a tocar Going Out With a Bang. Música até que legal, mas não senti que pegou bem para abrir um show, já que os caras prometeram um show mais enérgico a fim de manter o alto nível do dia do metal. Eles têm músicas muito mais impactantes para abrir um show, mas deixemos para lá. Preferi dar uma colher de chá, já que o erro não foi tão gritante e teríamos muito Rock pela frente.
Em seguida, acertaram muito bem! Tocaram a clássica Make it Real, com direito a uma bandeira do Brasil tremulando no telão do início ao fim da canção (num belo afago ao ego dos brasileiros) com a silhueta dos músicos logo abaixo, criando um efeito bem interessante de se ver. Destaco, ainda, a guitarra que Matthias Jabs usou, pois é a mesma que tocou em 1985.

Jabs em 1985.
Ao final do show da primeira edição do RiR, o guitarrista da banda alemã deu de presente a Roberto Medina. Com o convite para voltar a tocar em 2019, Jabs pediu para usar a mesma guitarra, fazendo Medina providenciar o conserto do instrumento para que fosse devidamente usado (Para mais informações, clique aqui). Para os fãs mais assíduos foi uma grata surpresa; Para os fãs mais recentes e/ou modinhas, algo novo ou até mesmo que passou desapercebido.

Jabs em 2019.
Mais um clássico: The Zoo! Soou muito bem. Aquele som cadenciado, o talk box ao final ecoaram em toda Cidade do Rock, criando uma atmosfera envolvente. Deleite para os fãs! Ao final de The Zoo, os Scorpions emendaram com a instrumental Coast to Coast, com direito a Klaus Meine dando uma palhinha (ou “dublando”) na guitarra. Agradou bastante, pelo menos a mim.
Depois, Klaus conversou com a plateia. Falou da enorme alegria de estar ali e que, naquele momento, eles iriam resgatar algumas canções antigas. Tentei imaginar quais seriam. Não cheguei nem perto de acertar, afinal eles fizeram um medley de músicas dos anos 70. Quando começaram a tocar Top of the Bill (do disco In Trance, que eu amo demais!), fui à loucura! Para mim, poderia parar por ali, pois o show já havia valido a pena.
Em sequência do medley, os Scorpions tocaram Steamrock Fever, Speedy’s Coming e fecharam com a ótima Catch Your Train. Parecia que o ar tinha ido embora dos meus pulmões. Os veteranos estavam afiadíssimos, e com o Mikkey Dee, na bateria, tudo melhorou exponencialmente.
Resolveram pegar um pouco mais leve, então mandaram We Built This House, cujo refrão é bem grudento e até que soa bem ao vivo, e Delicate Dance. Ao final desta última canção, Klaus Meine começa a dizer que estava muito feliz por estar tocando novamente no Rock in Rio, ainda mais depois de 34 anos daquele incrível show de 1985. Dito isso, ele começa a cantar em português, com um sotaque germânico bem forte, nada mais, nada menos do que Cidade Maravilhosa, à capela, sendo acompanhado pela multidão daqueles que preferiram ficar a curtir até o último minuto daquele show incrível.
Depois de fazer mais um afago no ego dos brasileiros, a banda sentiu que estava pronta para mandar dois clássicos, fazendo a maioria dos presentes cantarem a plenos pulmões. Send me an Angel e Wind of Changes criaram uma atmosfera de paz e renovação na Cidade do Rock. Algo belo e difícil de descrever.
Dando sequência, veio Tease Me Please Me. Não curto muito essa música, mas até que soou legal. Ao final, Mr. Dee arrancou aplausos com um baita solo de bateria, mostrando toda sua técnica e virtuose para milhares de fãs.
Hora de agitar um pouco mais, então eles mandaram Blackout e Big City Nights. Durante a execução da primeira, Rudolf Schenker usou uma guitarra que ficava soltando fumaça. Algo meio bizarro, mas divertido. Pausa para o Bis. Neste momento eu fiquei pensando que eles deveriam tocar Still Loving You. Não que eu seja daqueles fãs que só conhecem esta música, mas é que os Scorpions, em 2010, tocaram na minha cidade, João Pessoa - PB.
Na época, o que era práxis, eles repetiam o mesmo repertório em todas as cidades que passavam, logo deveriam tocar Still Loving You, já que fora executada em todas as cidades. E não é que eles deixaram de fora quando passaram por aqui? Poxa... saí daquele show de 2010 dizendo para mim mesmo que eles estavam me devendo essa música, e eu gostaria muito de ouvi-la na reta final do Dia do Metal.
Quando voltaram, não teve outra: Entraram tocando Still Loving You. Oh canção para deixar muito “true” headbanger arrepiado e emocionado! Foi lindo de ver!
Por fim, encerraram injetando nitroglicerina pura: Rock You Like a Hurricane pôs a Cidade do Rock abaixo!
Terminei o dia do metal com o corpo dolorido, rouco, sujo e cantando sem parar “Cidadeeeee Maravilhosaaaaaa, cheia de encantos miiiiiiiiillll....” (com o sotaque de Klaus na mente) e a sensação de que vivenciei um evento extraordinário, com atrações gradiosas, que mostraram que ainda têm muito o que dar aos fãs! Espero que tenham gostado desta série. Espero, ainda, ter a chance de estar presente no próximo Rock in Rio, e contarei tudo a vocês com o maior prazer. Agora, vida que segue com a pauta normal aqui na Coluna do Caveira. Abraços!
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