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ENTREVISTA EVE DESIRE: Simbiose entre Música Clássica e Metal!

O Rock/Metal precisa continuar! Afinal, trata-se de um estilo de vida que muitos fãs ao redor do mundo adotam. Sim, dar os devidos créditos para as grandes bandas do passado é mais do que preciso, mas jamais devemos fechar as nossas mentes para o novo, sob pena de entramos numa redoma.


Neste sentido, eis que tomamos conhecimento da Eve Desire (SP), banda promissora de Metal Sinfônico, que é produzida por Thiago Bianchi (Shaman, Nortunall, Karma...) e está próxima de lançar seu primeiro álbum, em Janeiro de 2020.


Embora esteja em vias de lançar o primeiro disco, a Eve Desire mostra muita competência no som que decidiu explorar, trazendo o melhor de bandas de outrora e adicionando doses cavalares de um talento nato que é intrínseco a muitos músicos brasileiros. E mais: Com letras que abordam temas inteligentíssimos!


Tivemos a oportunidade a conversar com Arya Medeiros Cappia, vocalista da banda. Nosso papo está muito interessante, então, confira abaixo!


Arya Medeiros Cappia, vocalista da banda Eve Desire.



WENDER IMPERIANO - Arya, antes de mais nada, conte-nos um pouco sobre o surgimento do Eve Desire.


ARYA - Começamos em 2012 como Nightwish Cover. Rapidamente fomos reconhecidos como um dos melhores covers do mundo e fui convidada a ingressar no Deusas do Rock Brasil. Porém, o plano era banda autoral. Em 2013, fizemos uma demo, a Vitruvia. Ao ouvir a demo, a Rádio UOL fez contato e pediu um clip para ser lançado com exclusividade. Lançado o clip, veio o contato do renomado Thiago Bianchi para produção do disco. E assim foi, com várias intercorrências. No início do ano, lançamos o single Quantica, com participação de Maurício Nogueira do Matanza. E agora vem o disco completo, shows e tour. Também fizemos parte do CD comemorativo aos 25 anos de carreira do Edu Falaschi e outras coisinhas!


Agora entramos para o catálogo da Dynamo para distribuição do disco. Mais um degrau importante.


WI - Muito interessante a ascensão da banda. Por falar no Thiago Bianchi, recentemente a Eve Desire abriu um show da Nortunall, em Criciúma-SC. Conte um pouco sobre essa experiência.


Eve Desire em Criciúma-SC, em 18.11.2019.


ARYA - Pois, 2 dias atrás [Nota do Colunista: A entrevista foi realizada no dia 18.11.2019]. Foi uma baita responsabilidade e uma honra. Banda de peso, com Mike Portnoy de convidado. Sentimos que realmente a banda começa a entrar no cenário, e vamos com tudo!


WI - Particularmente eu fico muito feliz em ver uma banda de Metal Sinfônico nacional levantando voos altos. Ainda nesta temática, vocês irão ter a experiência de abrir para o Sonata Arctica, em 2020. São conquistas enormes para uma banda que ainda irá lançar o primeiro álbum em janeiro do ano que vem. Então, eu pergunto: Como está sendo o feedback da plateia em relação às músicas da Eve Desire, em sua maioria inéditas?


ARYA - Ótimo! Ninguém agrada todo mundo, é natural e nem temos essa pretensão. Mas após o show com a Noturnall, por exemplo, pessoas vieram nos procurar e compraram o single falando que não gostam de metal sinfônico, são do extremo, mas adoraram. Isso vem acontecendo muito. É gratificante demais atingir outros públicos assim! Até aqui sempre rola uma interação bacana!


WI - Muito bom. E você acabou entrando em uma temática que queria abordar: explorar o Metal Sinfônico aqui no Brasil. Embora tenhamos muitas bandas que exploram elementos sinfônico aqui e acolá, como é o caso do Angra, não temos muitas bandas que resolvem cair de cabeça nesse sub-gênero do Metal. O que os motivaram a explorar essa vertente e quais as suas principais influências?


ARYA – Eve [Desire] é minha e do Cappia, meu esposo e tecladista. Nós somos de formação erudita. Eu sou cantora lírica, maestrina. Ele é pianista erudito. Para nós é isso, a mistura perfeita, é a nossa verdade. Amo música erudita. E amo metal, fui estudar erudito pra cantar Nightwish, minha grande influência, assim como Angra e Shaman. Não sei pensar música sem juntar os dois. Estudei com o André Matos, e ele também era do erudito. Tarja também. E nós (RISOS).


WI – (RISOS) Há tempos atrás, você e Cappia gravaram uma versão Piano e Voz para a música Nova Era [Nota do Colunista: Ouça a referida canção a seguir], do Angra, que ficou muito boa, por sinal. A referida versão, à época da gravação, foi pensada para ser feita apenas como Hobby ou foi visando o CD comemorativo dos 25 anos de carreira do Edu Falaschi?


ARYA - Hobby. Eu tinha acabado de ter bebê, Ísis, nossa caçula, tinha pouco mais de 2 meses. Estava anunciando o fim do pause que dei na gestação e em seguida voltei ao estúdio do Thiago [Bianchi] para finalizar as gravações de coro e back vocal do disco, que estavam pendentes.


Eve Desire fazendo versão de Nova Era, do Angra.


WI - Entendi. Gostaria de saber um pouco mais sobre como costuma ser montado o repertório atual da Eve Desire. É comum que, no início de carreira, principalmente quando a banda possui apenas um disco lançado, o setlist ser complementado com covers. Vocês tocam covers? Se sim, quais costumam aparecer no setlist?


ARYA - Estamos justamente nesse ponto. O show do disco tem 1 hora. Precisa dobrar. Então, temos um set acústico, com versões nossas de Cazuza, representando o rock nacional em português, peças de piano, versões de músicas do Nightwish, Angra, e deve entrar um Sepultura. Queremos levar música brasileira em suas principais características, e homenagear as grandes bandas brazucas do heavy metal.


WI - Sepultura e Cazuza? Nossa... Fiquei surpreso, pois são dois extremos da música. Você poderia revelar que música do Sepultura vocês pretendem incluir no set?


ARYA – Surpresa (RISOS). Eu uso técnica de canto lírico porque é minha paixão. Porém, domino outras. Gosto de explorar. O disco é conceitual. Fala sobre Tempo. Então, as versões têm que falar sobre Tempo. Pronto, dei dica já. (RISOS)


WI – (RISOS) Você está aguçando a curiosidade. Pretendo entrar no assunto sobre as temáticas das letras. Mas, antes de irmos para este outro assunto, você poderia informar se a versão do Sepultura manterá a estrutura original ou vocês darão uma nova roupagem ao estilo Eve Desire de ser? Ou esta informação também é surpresa? (RISOS)


ARYA - Sempre nova roupagem, versões nossas. Deixar no nosso contexto. Sem Descaracterizar.


WI - Estou ansioso para conhecer. Como dito anteriormente, vamos falar um pouco sobre as temáticas das letras da Eve Desire. A banda possui dois clipes disponíveis no YouTube, Vitruvia e Quantica. Pelo enredo das referidas canções, percebe-se que os temas abordados não são considerados, digamos, convencionais. Quais são as principais fontes de inspiração da banda para compor as letras?


ARYA - Física, física quântica. Adoramos ler sobre isso, e é um assunto que todo mundo deveria pensar sobre. Nosso tempo é curto. O que fazemos com ele?


Clipe da música Quantica.


WI - Sim, é verdade. Nosso tempo é curto. Muitas vezes não sabemos lidar com ele. Aliás, muitas vezes nem notamos que o tempo está passando. A propósito, como surgiu o interesse sobre o assunto?


ARYA - Eu sempre amei física, gosto de espiritualidade. A fusão entre ciência e espiritualidade. E sempre busquei respostas sobre a razão de estarmos aqui, propósito de vida. Mas para mim a ótica somente da fé não traz respostas. Vivemos na era da consciência - ou deveríamos viver. A física quântica traz muito conhecimento, embora a forma de utilizar ainda seja mistério.


WI - Ciência e espiritualidade a fim de explicar o propósito da vida. Acho isso interessante. O que vocês costumam ler e/ou assistir que acabam servindo de inspiração? Cite algumas obras literárias e ou cinematográficas para termos uma boa ideia sobre o assunto.


ARYA - Comece por "Uma breve história do Tempo", de Stephen Hawking. Depois "Primeiro você constrói uma Nuvem", do Cole. Um filme que gosto é Agentes do Destino. Outro exemplo é Interestelar.


WI - Muito bom. Voltemos para a música. Em Janeiro de 2020 deverá sair o primeiro álbum da Eve Desire, certo? Então, quais projetos a banda possui para depois do lançamento do álbum?


ARYA - Fazer a tour, uma nacional e outra internacional. Divulgar o disco e tocar. 2020 será um ano no palco e na estrada.


WI - Há planos de tocarem no Nordeste?


ARYA - Sempre há! Estamos fechando o booking dos shows, devemos passar por lá sim!


WI - Ótimo. De uns tempos para cá, os grandes shows de Heavy Metal estão ficando cada vez mais raros no Nordeste, concentrando-se mais no eixo sul-sudeste. Notamos que existem muitos shows de bandas independentes, mas que costumam ser pouco prestigiados. Alguns dos argumentos que apresentam para que tenhamos shows locais esvaziados é de que a dificuldade financeira pesa bastante. Interessante que os mesmos que alegam isso, costumam ser os mesmos que não pensam duas vezes antes de pagar valores altíssimos para irem em shows de banda estrangeiras. Essa barreira também é notada na cena em que a Eve Desire está inserida? Como você vê esse prestígio que muitos brasileiros dão às bandas gringas em detrimento das nacionais?


ARYA - Não Tocamos no nordeste ainda, difícil dizer. Mas já fizemos pré tour e não conseguimos chegar lá. Muito caro para ir daqui, ninguém patrocina. Fizemos MG, RJ e PR. O nordeste já foi muito forte no heavy metal, acredito que se a banda chegar até lá , vale a pena. Prestigiar banda gringa é natural, infelizmente. Pagam horrores em shows gringos e nunca tem "tempo" para ir no show de uma banda nacional. É cultural. Enquanto não aprendermos que temos que valorizar o pequeno, o nosso, vai ser assim. Para mim, se liga à educação. Todo artista grande já foi um artista local. E aqui, temos uma imagem distorcida do que é viver de rock. Pensamos em rock star tocando nos estádios. Porém, a imensa maioria dos músicos têm carreiras estáveis tocando em bares, festivais e turnês. Os headlines estão acabando. Como vai ser agora?


WI - Penso da mesma forma. Parece que os fãs de Rock/Metal querem viver e morrer apegados aos bons e velhos nomes, aos bons e velhos hinos. Acredito que são essas pessoas que alimentam aquela falácia de que o "Rock/Metal está morto". Seguindo em frente, vi que você desenvolve um trabalho em um Conservatório. Conte um pouco sobre essa experiência de compartilhar suas técnicas com outras pessoas a fim de alimentar a chama da música que você ama.


ARYA - Somos donos do Conservatório Musical Ever Dream, especializado em rock e heavy metal e com cursos profissionais. Lá tem todas as matérias teóricas e práticas e forma o aluno para a vida profissional. Surgiu de uma oportunidade e transformamos num centro especializado de referência. Convidamos todos os amigos da cena como professores. Mais do que um Conservatório, é um local onde o rockeiro tem acesso aos grandes nomes, à um grupo de pessoas apaixonadas pela mesma coisa. Acreditamos que a melhor forma de aprender é com quem está construindo a cena. Nós somos professores que estamos construindo. E precisamos deixar boas sementes e boas bases do que é a realidade, a filosofia e o estilo de vida rock. Está funcionando? Acredito que sim.


Ensinar a técnica sim, mas ensinar a trabalhar. A não desistir, para uma geração que quer tudo fácil. Ensinar a insistir e que tudo leva tempo e precisa de disciplina. Ensinar que no mundo tem gente que manda e gente que obedece, para uma geração que perdeu a noção do respeito e das hierarquias. Porque se todo mundo pode tudo, então ninguém pode nada. Vira uma anarquia. Ensinar que é a seriedade e a paixão que levam você ao sucesso. Ensinar o que é um propósito de vida.


WI - Inclusive, o coral que abre a canção Quantica é feito de integrantes do Conservatório, não é isso?


ARYA - É. Temos um coro lírico profissional. Já gravamos com o Pompeu do Korzus, o disco da Eve, e temos agenda de concertos eruditos.


WI - Muito bom. Arya, agradeço muito a sua atenção. O papo foi muito esclarecedor. Conte sempre com o apoio do Qmusical. Então, para finalizarmos, deixe sua última mensagem.


ARYA - Eu que agradeço pelo espaço. Sempre bom contar com a boa imprensa. Assim que sair o disco, mando para vocês! Esperamos todos os seus leitores em nossas mídias e shows, e mais ainda, que a nossa mensagem chegue até o público! O heavy metal é mais do que um estilo de música, é um estilo de vida. É paixão e liberdade. Lembrem-se sempre disso!


Belíssima capa do álbum a ser lançada em Janeiro de 2020, gentilmente revelada por Arya Cappia.



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