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BANDAS COVER: A PÁ DE CAL NO ROCK/METAL?

Não é raro vermos apresentações de bandas covers/tributo. Basta uma rápida pesquisa na internet para constatarmos que se trata de um fenômeno global. Seja em cidades do interior do Brasil, seja em grandes centros urbanos, é comum vermos bares, pubs, clubes, centro de eventos cheios de pessoas que consomem o produto oferecido por estes tipos de banda.


Isso é perfeitamente compreensível. Muitas pessoas gostam de ativar lembranças que ficaram no passado, e a música é um grande elixir capaz de provocar isso. São músicas que lembram momentos marcantes, que nos emocionam, que nos fazem vibrar, que nos fazem sentir uma força brotando de dentro da fora e dentre outras sensações. Então, tudo o que é nostálgico e prazeroso, as pessoas tendem a consumir. Mas, que mal há nisso? Aparentemente, nenhum. Até porque eu mesmo sou um indivíduo para lá de nostálgico, gosto de celebrar o passado, mas sem nunca deixar de viver o presente e contemplar o futuro.


Viver constantemente no passado pode ser perigoso por turvar nossa visão para experimentarmos estes dois aspectos (viver o presente e contemplar o futuro), o que nos deixa acorrentados às glórias do passado e nos impedem de reconhecer os grandes feitos atuais.


Toda esta introdução, ao meu ver, serve para tentar justificar, de forma sucinta, o sentimento que muitos têm quando abrem a sua preciosa boca para dizer coisas como “o rock está morto”, “não se faz música como antigamente”, “hoje em dia só temos músicos nutella”, “as músicas atuais não têm alma” e blá blá blá. O engraçado é que já presenciei pessoas que falam isso serem as mesmas que preferem pagar R$ 30 reais (ou mais) para ver um show de uma banda cover/tributo em um bar, onde comercializa cerveja Long Neck a R$ 7 ou R$ 8, a ter que desembolsar R$ 10 para prestigiar e incentivar uma banda autoral, que costuma tocar em guetos, bares obscuros e distantes, onde a bebida mais consumida é um vinho vagabundo que custa em torno de R$ 6. Aqui temos um dilema: As bandas autorais tocam em guetos porque somente estes lugares as aceitam ou pelo fato de o público não prestigiá-las? Creio que há uma simbiose maldita entre estes dois fatores.


Se você estiver achando que estou defendendo o fim das bandas covers, estarás redondamente enganado. Afinal, como não se maravilhar com o espetáculo proporcionado pela Australian Pink Floyd (banda cover que arrasta multidões mundo afora)? E o que dizer da Beatles Abbey Road? E, aqui no Brasil, a Children of the Beast (cover do Iron Maiden)? São excelentes bandas que fazem a chama acesa pelas originais permanecer ativa. A questão é: A preferência que dão às covers em detrimento das autorais. Entendido isto, sigamos adiante.



Australian Pink Floyd tocando no lendário Royal Albert Hall, com direito a casa cheia.



Então, veja você, quantos discos maravilhosos são lançados anualmente e sequer nos damos conta? Quantas canções poderiam ser alçadas a grandes hinos do Rock/Metal atual? Quantas bandas novas poderiam estar comovendo as pessoas ao ouvirem canções novas que tocam a alma? E tudo isso, em uma geração bombardeada pelas plataformas Streaming (Youtube, Spotify, Deezer e etc.) e acostumada a apenas ouvir uma música ou outra, negligenciado o hábito contemplativo de se ouvir um álbum inteiro.


O Streaming ajudou bastante na busca de conteúdo musical. É algo que parece ser infinito. Mas, dá a impressão que, ao mesmo tempo, criou obstáculo para um foco mais direcionado. Façamos uma breve comparação. Nos velhos tempos de MTV Brasil, por exemplo, embora tivéssemos uma grande limitação de conteúdo (pois só era exibido o que o canal queria), havia um foco, dava uma direção para o público buscar o aprofundamento por conta própria. Tínhamos programas de música teen, pop, as mais pedidas pelo público, para o público Metal e etc.



Children of The Beast (Iron Maiden Cover) tocando Empire of the Clouds, do álbum Book of Souls. O Iron Maiden já informou que jamais tocará essa música ao vivo, pois demanda o uso de orquestrações, o que tiraria a essência do som da banda. Ou seja, a banda cover oferece aos fãs um aperitivo que jamais será apreciado com os originais executando-a.


Por outro lado, atualmente temos as plataformas Streaming, que oferece um sem número de opções, mas estão “boiando” na rede. Quando não é feito um árduo trabalho de alcance das massas, verdadeiras pepitas tendem a viver no ostracismo, numa espécie de limbo cibernético. Não há comoção por parte do público, pois não há sentimento por aquilo que nem conhece a sua existência.


Para se ter uma ideia, resposta esta pergunta de forma sincera: Você, que lê este texto e cresceu vendo a MTV, consegue listar mentalmente cinco bandas que conheceu por meio da emissora? Eu consigo.


A leitura que faço é a seguinte, e fique à vontade para discordar, caso queira: Estamos vivendo em um momento bem contraditório da música. Ao mesmo tempo que temos a facilidade de gravarmos músicas com qualidade (de forma independente, graças às novas tecnologias) e tentar dar uma melhor divulgação por meio da internet, temos que lutar para incentivar um sentimento de união dentro de um movimento musical que já foi muito forte no passado.


Parece que as pessoas atuais estão perdendo o senso de que a união faz a força. Fãs de Heavy Metal irão concordar que este gênero é tão amado atualmente devido ao grande engajamento que houve na Inglaterra dos anos 1980, quando os jovens deram corpo e alma ao movimento que ficou conhecido como New Wave of British Heavy Metal. Bandas, até então pequenas, como Iron Maiden, Saxon, Angel Witch e etc., começaram tocando em Pubs, dando a cara a tapa para gravar seus primeiros EPs, se humilhavam para conseguir shows, juntavam trocados para investir em equipamentos musicais e de ornamentação de palco e etc. Veja só: Não foi apenas o talento das bandas que as catapultaram para o grande rol de gigantes do Rock/Heavy Metal, mas o engajamento das pessoas em estarem ávidas para consumir aqueles produtos.


Darei outro exemplo: O crescimento do movimento do Thrash Metal norte-americano, que trouxe bandas como Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax (para citar as mais famosas que, juntas, formaram o conhecido Big Four). Mais uma vez o público fez com que o movimento crescesse, chamando atenção da grande mídia especializada, o que deu amplitude a este cenário.


Então, o que você está esperando? Que o néctar dos deuses da música seja derramado na sua boquinha ou vai se livrar das correntes do passado e passar a viver o presente e contemplar o futuro? A escolha é sua. Só digo uma coisa: Se optar pela primeira opção, serás a pessoa menos indicada para falar que o Rock/Metal morreu, pois a pá de cal foi jogada com a ajuda de milhares (talvez milhões) que pensam e agem assim.


Para finalizar este texto, farei uma lista de indicações de excelentes bandas que fazem o Rock/Metal mostrar que continuar vivo, firme, forte e revigorado. Abraços.


ABAIXO ALGUMAS INDICAÇÕES DE BANDAS NOVAS.


1. Gosta de Southern Rock e Rock Clássico? Não perca a chance de ouvir a banda Hard Trio (Guarabira-PB).




2. Sua preferência é para o Progressivo? Então, ouça logo o Soen.



3. Para os fãs do Heavy Metal tradicional, Steelwing é imperdível!



5. Para fãs de Hard Rock/Heavy Metal, tenha o prazer de conhecer Dune Hill, de Recife-PE. Seasons é uma baladinha deles, mas não traduz a essência dos caras. Escolhi este som por ter uma construção bem inspirada.



6. Para quem gosta de Heavy Metal, Prog e Hard Rock, os paraibanos do Wooden Bridge é uma excelente pedida.



7. Embora veteranos na cenda do Metal Underground do Nordeste, o Comando Etílico sempre trás ares que revigoram o estilo. Poderoso som em português!



8. Dônica é uma banda brasileira que mistura o melhor do Rock, Prog, MPB e Jazz. Sua qualidade é tanta que receberam a bênção de ninguém menos que Milton Nascimento. Som que vale a pena em ser apreciado.



9. Se sua vibe é o hardcore, então ouça a banda Pense, que faz um som veloz, agressivo e com letras bem elaboradas.



10. Eve Desire (SP) é uma banda promissora de Metal Sinfônico. Vale a pena conferir!



11. Não canso de falar do The Vintage Carava. Os islandeses fazem um som que agrada fãs do Rock Psicodélico, Progressivo, Classic Rock e até mesmo Metal Clássico.



12. Para finalizar, por hora, eis os meus mais novos queridinhos do Church of the Cosmic Skull. Os ingleses fazem um som calcado no melhor do rock dos ano 60 e 70.



Enfim... Acredito que dá para acreditar que o Rock/Metal está mais vivo do que nunca. Em breve traremos mais novidades!


FONTE DA FOTO DE CAPA: PAUSA PRO CAFEH.

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